O espiritualista deve encontrar um justo equilíbrio entre o orgulho e a humildade exagerada. Não é bom que, com o pretexto de ser modesto, ele se apague completamente, porque acabará por ficar embrutecido e estúpido. Mas sentir-se um ser superior, alegando que segue um ensinamento espiritual num mundo de materialistas e de descrentes, também não é recomendável, porque desse modo ele tornar-se-á ridículo. O que é mais difícil é a medida correta. Muito poucos discípulos, mesmo nas Escolas Iniciáticas do passado, souberam não soçobrar no orgulho ou numa humildade afetada... que, muitas vezes, não é senão outra forma de orgulho!
Então, como se apresenta um verdadeiro espiritualista, um verdadeiro discípulo? Sempre natural, simples, acessível. Para que há de ele querer atrair atenções por meio de ares superiores ou inspirados? Vós perguntareis: «Mas então não devemos querer mostrar as nossas aquisições espirituais?» Na realidade, não há absolutamente nada a mostrar! Se soubestes adquirir verdadeiras riquezas espirituais, elas aparecerão por si, não precisais de as expor. Uma vez que trabalhais sobre vós, deixai que os traços do vosso rosto, a vossa postura, os vossos gestos, falem por vós. Sede simples, espontâneos, naturais. Para que haveis de impor-vos de uma maneira artificial?
Quem segue um ensinamento espiritual deve compreender que terá ocasião de manifestar as suas qualidades e que os outros as notarão sem que ele tenha necessidade de adoptar toda a espécie de atitudes para as evidenciar. Ele que deixe falar o seu trabalho interior: mesmo à sua revelia, esse trabalho dará testemunho dele.
Quando alguém se põe a falar-vos insistentemente acerca do trabalho espiritual que está a fazer, desconfiai! Vangloriar-se do seu trabalho espiritual não é próprio de um verdadeiro espiritualista. Por isso, aconselho-vos a não falar nem do trabalho que empreendestes, nem dos resultados a que aspirais. Aliás, mantendo secreto o vosso trabalho mantereis o impulso, o ardor, o entusiasmo de que necessitais para progredir.
Imaginai um jardineiro que acaba de plantar a semente de uma árvore extraordinária, única. Se ele for insensato ao ponto de ir desenterrá-la sempre que alguém vier visitá-lo e dizer: «Está a ver esta semente? Olhe bem para ela! Um dia, ela tornar-se-á uma árvore excecional com frutos deliciosos; qualquer dia já se poderá comê-los...», para logo correr a plantá-la de novo, será o fim da pobre árvore. Mas é isso que muitas pessoas têm tendência para fazer: desenterram o que mal acabaram de plantar, para que toda a gente saiba bem que árvore elas estão a fazer crescer. Pois sim, mas mataram-na! Não deviam ter tirado a semente do solo.
Por isso, limitai-vos a trabalhar! As leis são verídicas, absolutamente verídicas: se o que fazeis é belo, podeis estar certos de que, mais dia menos dia, isso transparecerá e todos serão obrigados a sentir as bênçãos que emanarão de vós.
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