RODA DA VIDA

Oramos pela vida e saúde dos homens de Paz no Mundo, Homens e Mulheres com missões dificílimas, de dação de esperança e de forte influencia contra a corrupção que assola o mundo e o mantém cativo na desgraça da injustiça. Louvemos estes inspirados irmãos e irmãs, desde os mais influentes, como Francisco Pai da Igreja Católica, Dalai Lama Pai dos Budistas, e tantos outros em suas respectivas importâncias, que movem o mundo com a força de suas Almas devotas, num mundo melhor para todos, mais justo, onde os indefesos não estejam à mercê de nenhum tirano, onde o único exército ou militar à face da terra seja a serviço do Amor ao Próximo - Oremos diariamente pela Mãe Terra, nosso planeta que tanto precisa de nossa atenção e nossas preces pelas causas ecologistas, sejamos a diferença que queremos ver no respeito pelo ambiente - Assim seja - Oramos por la vida y la salud de los hombres de paz en el mundo, hombres y mujeres con misiones muy difíciles, que dan esperanza y una fuerte influencia contra la corrupción que afecta al mundo y lo mantiene cautivo en la desgracia de la injusticia. Elogiemos a estos inspirados hermanos y hermanas, de los más influyentes, como Francisco Pai de la Iglesia Católica, Dalai Lama Pai de los budistas, y tantos otros en su respectiva importancia, que mueven el mundo con la fuerza de sus Almas devotas, en un mundo mejor para todos, más justo, donde los indefensos no están a merced de ningún tirano, donde el único ejército o militar en la faz de la tierra está al servicio del Amor por nuestro prójimo. Oremos diariamente por la Madre Tierra, nuestro planeta que necesita tanto nuestra atención y nuestras oraciones por causas ecológicas, seamos la diferencia que queremos ver en el respeto por el medio ambiente : que así sea

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Nosso próprio peso

Do lado de fora do Palácio da Justiça, na cidade de Lyon, na França, uma escultura chama a atenção. Denomina-se o Peso de si mesmo e representa um homem de pé, carregando outro homem, inanimado, nos braços, parecendo ter sido salvo de um afogamento.

O que causa estranheza é que, para quem quer que preste atenção, constatará que os rostos dos dois personagens são idênticos. Segundo alguns, o significado primeiro é que o homem veste seu duplo, tornando-se seu próprio salvador. Igualmente seu próprio fardo. 

No entanto, muitas considerações podemos extrair a partir da visualização da escultura magnífica. Podemos cogitar que cada um de nós precisa ter consciência de que deve enxergar seu próprio caminho. Ninguém poderá nos emprestar seus olhos e sua mente. Viver é de cada um, o que fazer das nossas horas, dos tantos anos que nos serão dados neste bendito lar, escola, hospital. Se resolvermos ficar imóveis, nada fazer, nem estudar, nem trabalhar, ficaremos estagnados porque ninguém poderá se ilustrar, aprender e produzir por nós. O trabalhador é digno do seu salário, asseverou Jesus, garantindo o justo mérito a cada um.

Em termos humanos, podemos até burlar a lei, apanhar o que não nos pertença. Jamais, porém, perante a Lei Divina que tudo sabe, tudo vê. O que quer que, eventualmente, usurpemos de outrem, precisaremos devolver, mais cedo ou mais tarde. Eis aí o grande papel das vidas sucessivas, que nos permitem devolver ao erário, ao particular, o que, em certo tempo, usufruímos, de forma indevida. 

E, como o amor cobre a multidão de pecados, conforme os registros do apóstolo Pedro, em sua Epístola, poderemos devolver salvando vidas através da educação, da instrução, da devolução real pelo nosso próprio esforço. Como somos herdeiros de nós mesmos, as falhas leves ou erros graves, que cometermos, serão de nossa competência exclusiva. Dessa forma, ninguém, a não ser nós mesmos deveremos pagar por eles. A Justiça Divina estabelece, sabiamente, que A cada um será dado conforme as suas obras. Podemos herdar fortuna dos nossos pais, podemos receber bens materiais presenteados por alguém que nos queira bem. Mas, os valores morais, o acervo intelectual ninguém no-los poderá emprestar ou ceder. Temos, portanto, a liberdade de agir, de ir e vir, de pensar, de tomar decisões próprias. A salvação deve se iniciar por nós mesmos, enxergando nossos erros, nos modificando, e nos transformando em seres melhores. Isso nos garante melhores condições sobre a Terra. Não necessariamente materiais, mas de caráter íntimo. Ou seja, nos sentirmos felizes connosco mesmos, pelo bem realizado, pela cota de bênçãos ofertada. Fomos criados por amor e a perfeição é a nossa meta final. Todos, sem exceção, deveremos chegar lá. Alguns vamos de mãos dadas, auxiliando-nos mutuamente e chegaremos antes. Outros, que preferirmos ir por caminhos escusos e sozinhos, demoraremos mais tempo.

Portanto, mãos à obra. Hoje é o tempo de fazermos o melhor para que o peso de nós mesmos seja de coisas positivas, grandiosas, benéficas para a nossa e as vidas alheias.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O perdão

O perdão incondicional no mundo atual é muito raro. Além de não perdoar com facilidade as ofensas de parentes e amigos, encontramos impedimentos enormes para a sua prática, no que se refere aos inimigos. O orgulho é de tal ordem que basta um familiar cometer um deslize qualquer para ficarmos furiosos. Em vez de desculpar a fragilidade moral do infeliz e procurar lhe dar apoio para suavizar as punhaladas do remorso, ficamos a atirar pedras. Pedras do desprezo, da indiferença, sem medir as consequências de tal atitude.

Conta o escritor John Lageman um fato contemporâneo. Ocorreu com um ex-presidiário, que sofreu na alma a incompreensão e o abandono dos seus familiares, durante todo o tempo em que esteve recluso numa penitenciária. Os seus parentes o isolaram totalmente. Nenhum deles lhe escreveu sequer uma linha. Nunca foram visitá-lo na prisão durante a sua permanência lá. Tudo aconteceu a partir do momento em que o ex­-presidiário, depois de conseguir a liberdade condicional, por bom comportamento, tomou o trem de retorno ao lar.

Por uma coincidência que somente a Providência Divina explica, um amigo do diretor da penitenciária se sentou ao seu lado. Por ser uma pessoa sensível, identificou a inquietação e a ansiedade na fisionomia sofrida do companheiro de viagem e, com gentileza, lhe falou:

O amigo parece muito angustiado! Não gostaria de conversar um pouco? Talvez pudesse diminuir o desconforto.

O ex-presidiário deu um profundo suspiro e, constrangido, falou:

Realmente, estou muito tenso. Estou voltando ao lar. Escrevi para minha família e pedi que colocasse uma fita branca na macieira existente nas imediações da estação, caso tivesse me perdoado o ato vergonhoso. Se não me quisessem de volta, não deveriam fazer nada. Então eu permanecerei no trem e rumarei para lugar incerto. O novo amigo verificou como sofria aquele homem. Ele sofreu uma dupla penalidade: a da sociedade que o segregou e a da família que o abandonou. Condoeu-se e se ofereceu para vigiar pela janela o aparecimento da árvore. A macieira que selaria o destino daquele homem. Dez minutos depois, colocou a mão no braço do ex­-condenado e falou quase num sussurro:

Lá está ela!

E mais baixo ainda, disse:

Não existe uma fita branca na macieira!

Fez uma pausa, que parecia uma eternidade e falou novamente:

... A macieira está toda coberta de fitas brancas.

A terapia do perdão dissipou, naquele exato momento, toda a amargura que havia envenenado por tanto tempo uma vida humana. O pobre homem reabilitado deixou que as lágrimas escorressem pelas faces, como a lavar todas as marcas da angústia que até então o atormentara.


A simbologia das fitas brancas do perdão incondicional deve ficar gravada em nossa mente. Deve nos lembrar sempre as palavras de Jesus:

Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.

Quem de nós não necessita de perdão? Quem já não errou, se equivocou, faliu?

A própria reencarnação é, para cada um de nós, o perdão incondicional de Deus, a nos oferecer uma nova chance para o resgate dos débitos e retomada do caminho, do aprendizado sem fim.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Evangelho (Lc 12,54-59)

Naquele tempo, Jesus dizia também às multidões: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis avaliar o aspeto da terra e do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? Quando, pois, estás indo com teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. Eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.

Palavras sábias de Jesus, que nos reconhece o mérito de perante tantos acontecimentos na nossa vida e mesmo no mundo à nossa volta sabermos discernir e mesmo em grande parte prever o rumo dos acontecimentos.

No entanto de igual forma nos indaga algo inconformado, como é possível com qualidades desenvolvidas como essas, não procedermos da mesma forma, com a igual justeza de avaliação e previsão, em relação a nós próprios e nosso vastíssimo mundo interior, afinal a sede de tudo que sentimos e fazemos. Só sendo imensamente hipócritas diz Jesus, se justifica esta atitude de cegueira para com as nossas consciências, e com a ligeireza em julgar e prever o que no exterior acontece à nossa volta.

Mas mais ainda nos diz no final desta parábola do Evangelho, concluindo em jeito de advertência, que tenhamos em linha de conta, que essa forma de atuarmos perante nós próprios e a comunidade onde estamos inseridos, como todas as interações que daí resultem, seus problemas e suas desarmonias, serão todas pesadas pela medida da nossa consciência e esforço em sermos autênticos, em fidelidade a nosso coração e em relação a esses assuntos "pendentes" gerados por nosso agir. Que é mais sábio aproveitar o tempo que nos está destinado a viver para sanar todas as desavenças e desarmonias que nos baterem à porta, que esperar que se resolvam por si mesmas.

Avisa-nos que por nossa escolha, a "habitação que construirmos na terra, será a nossa morada no céu..." - como sempre dizia o amado Mestre, quem tem ouvidos para ouvir, que ouça!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Com pesar?

Não soa estranho que aqueles que afirmamos crer na imortalidade da alma, que divulgamos, aos quatro ventos, que a vida prossegue para além desta vida, sejamos aqueles que, cientes da morte de alguém, expressemos nosso pesar?

Talvez devamos tornar a ler as páginas que nos foram endereçadas e que nos indagam: Acaso deveremos lastimar que, estando prisioneiros, um de nós se liberte antes, por ter cumprido toda sua sentença?

Naturalmente, sempre que a morte abraça alguém a quem estimamos e, sobretudo, se amarmos intensamente, nosso coração padece. Dizem que, na Terra, a dor mais pungente é a da separação física dos nossos amores. Isso porque aquele ser amado, deixando de estar connosco, nos impede de privar da sua presença, do seu calor. Sentimos falta do riso, do sorriso, do carinho. Sim, a partida dos afetos, dos amigos, dos que ombreiam connosco nas tarefas de ordem profissional ou voluntária, nos magoa.

Sua ausência é sentida a cada passo. Sua presença é recordada, a cada momento, em que retornamos a realizar algo que fazíamos juntos. Em alguns dias, a saudade parece amenizar. Em outros, parece ficar mais aguda e mais intensa. No entanto, pensemos que aquele que parte concluiu a sua tarefa e os que ficamos, a precisamos concluir. Recordemos que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo. Portanto, deveríamos nos felicitar com aquele que se libertou, sobretudo se, examinando seus atos, nos damos conta das tantas bênçãos distribuídas por ele. É comum, ante o corpo daquele que fechou os olhos da carne, recordarmos do quanto era importante para nós, para a comunidade, para os colegas. Pois continuemos a lembrá-lo assim, louvando por poder comparecer perante a consciência liberta, com muitos frutos nas mãos. Com muitas boas ações, que o referendam a ser bem acolhido pelos Espíritos do bem, a ser bem rececionado por tantos amores que, desta vida ou de experiências anteriores, o aguardam, jubilosos. Aqui, é uma despedida. Do outro lado, o retorno de alguém que realizou uma curta ou longa jornada.

Lembramos dos primitivos cristãos que entravam na arena, para enfrentar as feras, que os haveriam de trucidar, entre hinos de louvor. Cantavam, unindo-se ao Pai Celeste, que os envolvia em vibrações superiores, de forma a lhes insuflar ainda maior coragem para o martírio. Assim, ante a morte que se apresenta e, quase sempre, no momento em que menos se espera, aprendamos a orar. E, interpretando a dor que vai na alma dos familiares, manifestemo-nos a eles de forma diferente. Sejam as nossas palavras de bom ânimo, de encorajamento, de apoio. Se precisarmos anunciar, a quem quer que seja, a morte de um colega, de um amigo, de um amor, escrevamos algo que expresse nossos melhores sentimentos. Compreendemos a sua dor, nesse momento. Oramos pelo seu fortalecimento moral. Vibramos, em prece, pelo companheiro que partiu. Que os bons Espíritos o envolvam em luz. Conte connosco. Estamos aqui.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Evangelho (Lc 12,35-38)

Naquele tempo, o Senhor disse aos seus discípulos: Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas. Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os servos que o Senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, vos digo: ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à mesa e passará para servi-los. E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!.


Nesta parábola Jesus nos alerta que apesar da distancia do tempo desde a sua presença entre nós, os seus ensinamentos são intemporais e adequados para esta humanidade. Nos diz que permaneçamos vigilantes em relação às nossas atitudes, valores, exemplos de vida. Nos aponta inclusive a importância destas coisas em relação a nós próprios, quando estamos sós, a forma como convivemos connosco próprios longe dos olhares dos outros, em nossa intimidade. Jesus não nos refere nenhum tipo de proibição, ou inclusive indica que devemos ter esta ou aquela forma de ser. Não, respeitando a forma de ser de cada um, apenas refere que devemos ser vigilantes, para que assim chegue um momento em nossa vida de depararmos situações em que devemos optar reconhecidamente, pela justiça do nosso julgamento guiado pelo nosso coração, mente e seus ensinamentos, tenhamos a coragem e não sejamos apanhados desprevenidos. Que saibamos ter coragem para assumir as nossas convicções e estarmos do lado do que cremos ser justo, não renegarmos a nossa consciência.

Um ser humano surpreendido ou fascinado por algo que o retire do comando de sua consciência, passará de imediato a poder ser comparado com um mero animal irracional ou mesmo escravo.

É por isso que Jesus nos alerta através desta parábola contada por São Lucas, apóstolo que dizem ter sido uma pessoa muito culta, médico na altura, grande curador e estudioso das doenças do corpo e da alma, que poderia certamente ter ganho muito prestígio se optasse por apenas exercer os dons dos seus estudos dentre as pessoas de influencia. Em plena concordância com a sua consciência e coração, decidiu num ato de grande coragem seguir os Ensinamentos de Jesus e com os seus companheiros apóstolos, ajudar a semear a sua palavra, sua obra e os seus ensinamentos de salvação para a humanidade.

Ser-se justo e honesto, sempre foi extremamente difícil, dada a ambição desmedida do homem ao longo da história. No entanto continuamos a viver em comunidade, a ter a responsabilidade de criar famílias saudáveis, a conviver com os amigos, a encontrar os vizinhos e a trabalhar com os colegas de profissão. Jesus nos alerta que estejamos atentos, não vá alguma circunstância do destino apanhar-nos em faltas repetidas com o nosso consentimento e com isso, virmos a ficar devedores de uma justiça que ainda que não tenhamos grande conhecimento, a justiça divina, ela não deixará de se aplicar sobre seja quem for, por que motivo for, já que à luz dos ensinamentos, o nosso juiz divino conhecerá todas as nossas faltas cometidas, de uma forma que só nós mesmos julgamos conhecer. 

Poderíamos a bem dizer, que um dia e quando menos esperamos seremos julgados pelo implacável juiz da nossa consciência, sem conseguir omitir nenhum dos nossos atos, até ao ínfimo e mínimo detalhe. E quem conseguirá mentir a si próprio, à luz da sua consciência divina?

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Santo do dia - São Lucas

Estamos em festa na liturgia da Igreja, pois lembramos a vida e o testemunho do evangelista São Lucas. São Lucas foi um dos quatro evangelistas. É o autor do terceiro evangelho  e do livro dos Atos dos Apóstolos. Seus textos são os de maior expressão literária do Novo Testamento. Seu dia é comemorado em 18 de outubro. São Lucas nasceu na Antioquia, na Síria, situada próxima à costa do Mediterrâneo, hoje o sudeste da Turquia, no século I da Era Cristã. Por seus escritos acredita-se que pertencia a uma família culta e abastada. De acordo com a tradição, Lucas tinha talento para a pintura e exercia a profissão de médico. São Lucas foi introduzido na fé por volta de 40 anos. As primeiras referências a São Lucas constam das epístolas de São Paulo, nas quais ele é chamado de “colaborador” e de “o médico amado” (Cl 4,14).  

Lucas não conheceu Jesus pessoalmente. Ele conheceu o Senhor através dos apóstolos. Ele foi discípulo dos apóstolos de Jerusalém e depois foi discípulo de São Paulo. São Lucas, cujo nome significa “portador de Luz”, é padroeiro dos médicos e dos pintores. São Lucas é representado com um livro ou com um touro alado, pois inicia o Evangelho falando do templo onde eram imolados os bois. Ambos fazem várias viagens apostólicas, tornando-se um dos primeiros missionários do mundo greco-romano. Tornou-se excecional para a vida da Igreja por ter sido dócil ao Espírito Santo, que o capacitou com o carisma da inspiração e da vivência comunitária, resultando no Evangelho segundo Lucas e na primeira história da Igreja, conhecida como Atos dos Apóstolos.

No Evangelho segundo Lucas, encontramos o Cristo, amor universal, que se revela a todos e chama Zaqueu, Maria Madalena, garante o Céu para o “bom” ladrão e conta as lindas parábolas do pai misericordioso e do bom samaritano. Nos Atos dos Apóstolos, que poderia também se chamar Atos do Espírito Santo, deparamos com a ascensão do Cristo, que promete o batismo no Espírito Santo, fato que se cumpre no dia de Pentecostes, e é inaugurada a Igreja, que desde então vem evangelizando com coragem, ousadia e amor incansável todos os povos.

Uma tradição – que recolheu no séc. XIV Nicéforo Calisto, inspirado numa frase de Teodoro, escritor do século VI – diz-nos que São Lucas foi pintor e fala-nos duma imagem de Nossa Senhora saída do seu pincel. Santo Agostinho, no século IV, diz-nos pela sua parte que não conhecemos o retrato de Maria; e Santo Ambrósio, com sentido espiritual, diz-nos que era figura de bondade. Este é o retrato que nos transmitiu São Lucas da Virgem Maria: o seu retrato moral, a bondade da sua alma. O Evangelho de boa parte das Missas de Maria Santíssima é tomado de São Lucas, porque foi ele quem mais longamente nos contou a sua vida e nos descobriu o seu Coração. Duas vezes esteve preso São Paulo em Roma e nos dois cativeiros teve consigo São Lucas, “médico queridíssimo”. Ajudava-o no seu apostolado, consolava-o nos seus trabalhos e atendia-o e curava-o com solicitude nos seus padecimentos corporais. No segundo cativeiro, do ano 67, pouco antes do martírio, escreve a Timóteo que “Lucas é o único companheiro” na sua prisão. Os outros tinham-no abandonado. O historiador São Jerônimo afirma que Lucas viveu a missão até a idade de 84 anos, terminando sua vida com o martírio. Por isso, no hino das Laudes rezamos: “Cantamos hoje, Lucas, teu martírio, teu sangue derramado por Jesus, os dois livros que trazes nos teus braços e o teu halo de luz”. É considerado o Padroeiro dos médicos, por também ele ter exercido esse ofício, conforme diz São Paulo aos Colossenses (4,14): “Saúda-vos Lucas, nosso querido médico”.

São Lucas, rogai por nós!


“Ó Deus, que escolhestes São Lucas para revelar em suas palavras e escritos o mistério do vosso amor para com os pobres, concedei aos que já se gloriam do vosso nome perseverar num só coração e numa só alma, e a todos os povos do mundo ver a vossa salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Santa Tereza de Ávila – Tereza de Jesus, Doutora da Igreja, reformadora do Carmelo.

Tereza de Cepeda e Ahumada, nasceu em Ávila, Espanha, no ano de 1515. Filha de Alonso Sanches de Cepeda e Beatriz Dávila e Ahumada. Teve educação esmerada e muito cuidada pelos pais. Gostava de ler histórias de santos, chegando a fugir de casa com seu irmão para dar a vida por Cristo tentando evangelizar os mouros. Sua mãe faleceu quando Tereza tinha 14 anos. Então, seu pai a levou para estudar no Convento das Agostinianas de Ávila. Quando leu as "Cartas" de São Jerônimo, disse  a seu pai que iria se tornar religiosa. Seu pai não queria, mas com 20 anos ela "fugiu" para o Convento Carmelita de Encarnacíon, em Ávila.

Viveu no Convento da Encarnação, ficando muito doente por 3 anos, seu pai a tirou do convento para ser tratada. Praticando a oração mental seguida pelo livro, "O terceiro alfabeto espiritual", do padre Francisco de Osuna, recuperou sua saúde e retornou ao Carmelo. Com muita amabilidade e caridade, conquistava a todos conversando no locutório do Carmelo. Após 25 anos no Carmelo pede permissão ao provincial, padre Gregório Fernandez para fundar novas casas, com uma vida mais austera e com menos irmãs, visto que onde ela morava haviam mais de 200 freiras. Apesar da maioria ter ido contra, Santa Tereza continuou com sua missão fundando várias casas, com o apoio de 2 frades carmelitas, o superior Antonio de Jesus de Heredia, e Juan de Yepes, (São João da Cruz). Conseguiu depois de muita luta,  a autorização de Roma para separar a ordem das carmelitas descalças, (por usarem roupas rasgadas e sandálias ao invés de sapatos e hábitos), das carmelitas calçadas, ordem a que pertenciam. Deixou para São João da Cruz a missão de continuar fundando novos conventos, escrevendo também a pedido de Santa Tereza, as regras para os mosteiros masculinos.

Realizou uma grande reforma na Ordem das Carmelitas Descalças. Fundou vários conventos, (32 mosteiros, 17 femininos e 15 masculinos), com uma rígida forma de vida, trabalho e silêncio. Santa Tereza foi considerada muito inteligente, e deixou vária obras escritas, como o Livro da Vida, o Caminho da Perfeição, Moradas e Fundações entre outros. Com uma forte doutrina que dirige a alma até uma espiritualidade com Deus, no centro do Castelo Interior, com base na espiritualidade carmelita, que são os quatro degraus da  oração: o recolhimento, a quietação, a união e o arrebatamento. Um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo, fato este que é comemorado pelo Carmelo com a festa da Transverberação do coração de Santa Tereza, no dia 27 de agosto. Tinha o dom de predizer o futuro e de ler as consciências das pessoas.

Oito anos antes de morrer, foi lhe revelado a hora de sua morte, aumentando mais ainda o seu amor a Deus e as orações. Santa Tereza morreu no dia 4 de outubro de 1582, com 67 anos. Depois de uma viagem para encontrar com a Duqueza  Maria Henriques, ficou por 3 dias de cama pois estava bem debilitada, e disse a Beata Ana de São Bartolomeu : "Finalmente, minha filha, chegou a hora da minha morte." E na hora de sua morte ela disse: "Oh, senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face." Foi sepultada em Alba de Tormes, onde estão suas relíquias. Depois de sua morte e até os dias de hoje, seu corpo exala um perfume de rosas, e se conserva intacto,(incorruptível). Seu coração conservado em um relicário, em Alba, na igreja das Carmelitas, tem uma profunda ferida, de quando foi marcado pelo anjo.

Santa Tereza foi canonizada  no dia 27 de setembro de 1970, pelo Papa Paulo Vl, que lhe conferiu o título de Doutora da Igreja, e sua festa é comemorada no dia 15 de outubro.

Oração

"Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança.

A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta."

Ó Santa Tereza de Jesus, vós sóis a mestra da genuína oração e nos ensinais a rezar conversando com Deus, Pai Filho e Espírito Santo.

Ó Santa Tereza, ajudai-nos a rezar com fé e confiança, sem nunca duvidar da bondade divina.

Ajudai-nos a rezar com inteira conformidade de vossa vontade com a vontade de Deus, com insistente perseverança até alcançarmos aquilo que necessitamos.

Ó Santa Tereza, fazei-nos fiéis a nossa oração da manhã e da noite, e a transformar em oração o cumprimento de nossas tarefas de cada dia.

Que a oração seja para nós a porta de nossa conversão e santificação, a chave de ouro que nos abrirá as portas do Céu. Amém.

 Santa Tereza de Jesus, Rogai por nós.

sábado, 9 de outubro de 2021

Quando a pedra se transformou...

Era o período nazista. Segunda Guerra Mundial. O campo de concentração de Auschwitz, entre tantos carrascos, conhecia um muito bem: chamava-se Herr Müeller. Senhor Müeller. Nome comum para o povo alemão. Mas, os prisioneiros daquele campo o podiam distinguir de qualquer outro. Parecia ter uma pedra no lugar do coração. Frio, implacável. Decidia sobre a vida e a morte daqueles pobres prisioneiros da arbitrariedade e loucura humanas. Entre tantos prisioneiros, um havia que o conhecera muito antes que o nazismo o transformasse em carrasco. Era o ilustre rabino de uma aldeia polonesa, Samuel Shapira. Ele conhecera Herr Müeller quando ele era um lavrador, na década de 1930, em sua aldeia. Quando descera do trem de prisioneiros, seu olhar cruzou com o de Herr Müeller e, como naqueles anos distantes, se cumprimentaram: Bom dia. E o carrasco lhe indicara para seguir para a fila da direita, para se tornar mais um prisioneiro naquele campo de concentração. Os que fossem indicados para a esquerda, iam diretamente para a morte. 
O tempo passou e, apesar das tantas condições adversas, sub-humanas, o rabino sobreviveu e pôde ouvir, com alegria, o anúncio, em quatro idiomas, de que estavam livres.

A guerra terminara. Embora o horror do que os homens haviam feito, naqueles anos, demorasse a se diluir na memória de cada um. A partir de agosto de 1945 até 1949, instalou-se um grande Tribunal Militar Internacional, que passou a julgar os criminosos. O mundo o conheceu como Julgamento de Nuremberg e foram vinte e dois os réus. Mas, vários outros julgamentos aconteceram em territórios ocupados. Num deles, em Frankfurt, o rabino foi testemunha de Herr Müeller. Testemunha de defesa. Herr Mueller era um ser que a filosofia nazista transformara em alguém impiedoso e cruel. Ele nunca fora amado. Em verdade, não era ele que mandava as pessoas para a câmara de gás. Era o regime. Herr Müeller era um homem bom. Desta forma se expressou o rabino, não por ter tido a sua vida salva, naquele momento inicial da seleção, mas por, como cristão, assim acreditar. Herr Müeller foi condenado à pena de morte por enforcamento. 
Ao ser retirado do tribunal, passando pelo rabino, o olhou. Dos seus olhos, escorreu uma lágrima e ele sussurrou: Muito obrigado!

Ao influxo do amor do rabino, o coração de pedra se transformara. Voltara a ser homem. Sentir, emocionar-se, ante o afeto de alguém a quem ele, em essência, nada fizera. O amor tem força extraordinária. Não há ninguém imune à sua ação. Quando ele se manifesta, salva vidas, alimenta outras e tem o poder de transformar pessoas tidas como más em renovadas criaturas. Foi por isso que Jesus nos recomendou: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. E ainda: Amai os vossos inimigos.
Pensemos nisso.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Voz de Deus

Quando os hebreus se encontravam ao sopé do monte Sinai, em sua peregrinação pelo deserto, narra o livro bíblico do Êxodo que ouviram trovões e relâmpagos e um som de trompeta muito forte. Moisés falava e Deus lhe respondia em voz alta, diz o texto. A narrativa nos remete a um fenômeno mediúnico denominado voz direta.

Tratava-se de uma manifestação ostensiva porque diz que todo o povo ouvia. Era, com certeza, o Espírito protetor da nação hebraica que ali se manifestava, em nome do Todo Poderoso. Mas, quem de nós não apreciaria ouvir a Voz de Deus?

Num um poema de luz, lemos que quem ouve a voz dos imortais não esquece nunca mais. Como seria ouvir a Voz do Supremo Poder do Universo?

Em verdade, todos os dias Ela nos fala aos sentidos. Os povos primitivos acreditavam que os deuses gritavam, enfurecidos, nas tempestades, nas tormentas e nos ventos uivantes. Tinham uma certa razão porque Deus nos segreda doces melodias aos ouvidos quando sussurra o vento, docemente, debulhando as folhas das árvores. Elas caem, arrastam-se pelo chão, continuando a traduzir a Voz de Deus. Quando o vento nos alcança os cabelos e os desarranja, é porque Deus deseja que nossos ouvidos estejam abertos à Sua Voz. Deus canta na voz das águas das cascatas que se lançam de alturas imensas e caem, estrondosas, no rio abaixo, que segue, caudaloso, murmurando e murmurando. Deus fala nas cataratas exuberantes, ouvidas desde longe, enquanto respinga água em nossos rostos ao nos aproximarmos. Está dizendo: Você me ouve? Você me percebe? Lavo seu rosto para que possa me sentir.


Basta que prestemos atenção e ouviremos a canção de amor entoada pela passarada, num concerto sempre renovado e sempre inédito, porque jamais repetido de igual forma. Deus fala na noite de gala, na sinfonia dos astros, que brilham, exatamente como uma grande orquestra em palco esplendoroso. Instrumentos sensíveis traduzem a Voz de um Pai que ama e envia Suas bênçãos nos raios da lua, que nos encanta, enquanto a noite avança. Deus fala no amanhecer, despejando o sol sobre a Terra. Ou o líquido precioso nos veios secos. 

A Voz de Deus. Quantos A teremos ouvido, na intimidade da alma, quando em prece. Quantos A ouvimos no riso da criança, que corre feliz, dizendo da alegria de ter nascido num mundo de tanta cor e beleza. Quantos teremos ouvido a Voz de Deus nos lamentos de dor de um mundo enlutado, atingido pela pandemia. Quantos entendemos que Deus nos pede que estendamos nosso socorro a quem sofre a dor do abandono, da ausência de amores. A quem padece a fome, o desabrigo, o desemprego, a ausência de condições de sobrevivência. 

Voz de Deus. Sempre presente. Não lhe sufoquemos os brados de alerta, de compaixão que nos dirige. Somos todos filhos da mesma família, dependentes uns dos outros. Herdeiros do Universo, repartamos o pão, ofertemos a palavra amiga, socorramos nosso irmão, próximo ou distante. A Voz de Deus nos indaga: Como está seu irmão? Não cerremos os ouvidos, nem nos desculpemos. Atendamos a Voz de Deus.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Vander Lee - Alma Nua

Duas cerejeiras

Cena curiosa à beira do caminho. Duas árvores, duas cerejeiras plantadas no canteiro, próximo à calçada. Uma delas exuberante, repleta de vermelho, cheia de vida e chamando a atenção de quem passa. A outra, no entanto, a menos de cinco passos de distância, de aparência absolutamente oposta, totalmente seca, mirrada, como se estivesse morta. Causa estranhamento à vista de uns, causa pena a outros, olhar aquelas obras de Deus, assim, em desigualdade tão grande.

Estão no mesmo solo, recebem a mesma rega, o mesmo sol, mas tão distintas uma da outra. Um enigma. O tempo, contudo, tudo esclarece. As semanas passam, e o mistério é esclarecido. Quem olha com atenção, percebe que algo mudou significativamente: a bela cerejeira que antes estava florida, agora está desnuda, sem cores. E aquela que antes inspirava piedade, agora está deslumbrante e colorida. Cada uma teve seu tempo, cada uma realizou seu ciclo anual, em momento distinto, e ambas trouxeram beleza ao mundo da mesma forma.


O exemplo das cerejeiras é lição para a alma. Cada um de nós floresce em seu tempo, quando alcança as condições necessárias. Filhos que cresceram no mesmo lar, recebendo as mesmas condições de desenvolvimento, a rega do amor, a disciplina da poda, o sol da atenção, podem despertar em flor em momentos distintos.

Companheiros de coração endurecido, que se mostram insensíveis às dores alheias e que, muitas vezes, tornam a existência dos que os cercam um verdadeiro caos, também irão florir em seu tempo. Alguns, inclusive, podem até se manter como árvores secas durante uma ou algumas encarnações. Sua floração virá bem mais tarde. As semanas das árvores do caminho são séculos, milênios, por vezes, para as almas imortais. Por isso, saibamos cuidar e julgar com maturidade.

Em algumas ocasiões, agimos como o motorista apressado que, ao observar as duas árvores tão diferentes, logo conclui: Uma deu certo, a outra não! Ou ainda: Uma está viva, a outra morreu. A natureza é muito mais sábia do que imaginamos. Ela nos ensina a esperar e a saber olhar. Importante cuidarmos com os rótulos apressados. Pau que nasce torto pode sim, se endireitar. Aliás, nasceu justamente para isso. E ainda, não nasceu torto por um capricho da natureza, mas porque se tornou torto no passado. Rótulos são perigosos. Atrapalham e nada ajudam.

Todos têm jeito. Todos podem florir e vão florir. Talvez apenas não no tempo que nós esperamos ou que o mundo exige. Lembrando das árvores do caminho, aprendamos com a sabedoria do tempo. Olhemos mais vezes, olhemos o filme e não apenas a fotografia. Que a natureza continue nos ensinando e nos oferecendo essa visão ampla das coisas. Percebamos que na natureza nada é apressado, nada é instantâneo. Tudo se constrói, tudo se conquista. As leis divinas, que regem os mundos, são sábias. Aprendamos com elas. E, da próxima vez que observarmos uma árvore sem flores ou mesmo uma alma seca pelo caminho, recordemos das duas cerejeiras.

A beleza de uma linda Alma

domingo, 3 de outubro de 2021

Hoje celebramos a Festa dos Anjos da Guarda, nossos zelosos protetores

A existência desses seres espirituais, não corporais, chamados anjos, tem a seu favor o claro testemunho das Sagradas Escrituras e a unanimidade da Tradição. “O anjo de Iahweh acampa ao redor dos que o temem, e os liberta”(Sl 34,8). Os anjos são mensageiros da salvação: “porventura não são todos eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação?”, lê-se na carta aos Hebreus (1,14).

Fundando esta verdade de fé na própria afirmação de Jesus, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado a um anjo particular, que tem a missão de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirar-lhe bons sentimentos, secundar suas livres escolhas quando estas o encaminham a Deus, ou fazer-lhe perceber a censura interior da consciência quando elas conduzem à transgressão da lei divina.

A estas invisíveis testemunhas de nossos pensamentos mais recônditos e inconfessáveis, de nossas ações boas ou não tão boas, públicas ou escondidas, nossa época voltou a dar particular atenção. Seu precioso “serviço” é testemunhado na vida de muitos santos de nosso tempo. “Os anjos”, escreve Bossuet, “oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até nossos desejos, fazem valer diante de Deus também nossos pensamentos. Sejamos felizes por ter amigos assim pressurosos, intercessores fiéis, intérpretes caridosos”.

A festividade deste dia foi estendida à Igreja universal por Paulo V, em 1608, mas já um século antes era celebrada à parte da de São Miguel.

Retirado do livro “Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente”, Paulinas Editora.


Desde o início de sua vida até o momento de passar para a eternidade, todo ser humano é cercado pela proteção e intercessão de um anjo designado por Deus para o guiar, proteger e orientar. Assim, cada um de nós tem um Anjo da Guarda.

Provavelmente, quase todos nós aprendemos em casa, ou nas aulas de catecismo, a clássica oração: 

“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém”.

“Grande é a dignidade das almas – exclama São Jerônimo -, quando cada uma delas, desde a hora de seu nascimento, tem um anjo destinado para sua custódia!” É muito reconfortante saber que um ser superior à nossa natureza está continuamente a nosso lado; que ele, puro espírito, mantém-se na contemplação incessante de Deus e, ao mesmo tempo, vela por nós, quer-nos todo o bem, e seu objetivo é levar-nos para a felicidade perfeita e infindável do Céu.

Quando nos damos conta da presença desse incomparável guardião, estabelecemos com ele uma amizade firme e íntima, como descreve o grande escritor francês Paul Claudel: “Entre o anjo e nós existe algo permanente. Há uma mão que, ainda quando dormimos, não solta a nossa. Sobre a terra onde nos encontramos, compartilhamos o pulso e o latejar do coração desse irmão celeste que fala com o nosso Pai”.

Se tivéssemos maior confiança nesse celeste protetor, nesse bom amigo que nunca falha – ainda quando dele nos afastamos, por nossa má conduta -, seríamos capazes de recobrar a paz e o equilíbrio dos quais tanto precisamos!

Eles estão a nosso lado, incansáveis, solícitos, bondosos


A Bem-Aventurada Hosana Andreasi, de Mântua (Itália), ainda com seis anos de idade, tomara o gosto de passear pelas margens do Rio Pó, extasiada com a beleza do panorama. Um dia encontrava-se sozinha nesse lugar, quando de repente viu surgir diante de si um belo jovem, alto e forte. Nunca o havia visto antes… Surpresa, mas não amedrontada, ouviu o recém-chega chegado dizer com voz clara, ao mesmo tempo suave e firme: “A vida e a morte consistem em amar a Deus”. Sua surpresa aumentou quando o “jovem” a ergueu do chão e, olhando-a diretamente nos olhos, acrescentou: “Para entrar no Céu, você precisa amar muito a Deus. Ame-O. Tudo foi criado por Ele, para que as pessoas O amem”. Foi este o primeiro de numerosos encontros que Hosana teve, até seu falecimento (em 1505), com seu Anjo da Guarda.

Casos como esse, de relacionamento intenso com os anjos, não são nada raros. Santa Gemma Galgani (1878- 1903), por exemplo, teve a constante companhia de seu anjo protetor, com quem mantinha um trato familiar. Ele lhe prestava todo tipo de ajuda, até mesmo levando suas mensagens para seu confessor, em Roma.

Ainda mais próximos de nós, encontramos os episódios frequentes ocorridos com São Pio de Pietrelcina (1887-1968), grande incentivador da devoção aos Anjos da Guarda. Em diversas ocasiões ele recebeu recados dos Anjos da Guarda de pessoas que, à distância, necessitavam de algum auxílio dele.

O Beato João XXIII, outro grande devoto dos anjos, dizia: “Nosso desejo é que aumente a devoção ao Anjo Custódio”. Nossos anjos guardiães estão ao lado de cada um de nós, incansáveis, solícitos, bondosos, prontos para nos ajudar em tudo quanto precisarmos – inclusive em nossas necessidades materiais, mas especialmente para nos proporcionar os bens espirituais, auxiliando- nos a caminhar na via da virtude.

Diz São João da Cruz: “Os anjos, além de levar a Deus notícias de nós, trazem os auxílios divinos para nossas almas e as apascentam como bons pastores (…) amparando-nos e defendendo-nos dos lobos, os demônios”.

Confiando-nos inteiramente aos nossos Anjos da Guarda, não precisamos temer os demônios. Afinal, estes últimos nada conseguem contra o poder daqueles.

(Revista Arautos do Evangelho, Out/2006, n. 58, p. 34 e 35)

sábado, 2 de outubro de 2021

O convite do Pastor

Narra o Evangelista João que Jesus foi a Jerusalém porque havia uma festa entre os judeus. Não se sabe ao certo que festividade seria porque não fez questão de mencionar. Mas assinala que havia, próximo à porta das ovelhas, um tanque chamado Betesda, que em hebreu quer dizer Casa de Misericórdia. Tratava-se, em verdade, de uma grande piscina, com acesso por cinco pórticos. O local fora edificado pela administração pública. Alguns o consideravam dedicado a Asclépio, deus da medicina e da cura. Em outras anotações, encontramos que o local era administrado por judeus que chegavam a negociar os melhores lugares, ou seja, os mais próximos à borda da piscina. Espalhara-se a lenda de que, periodicamente, um mensageiro celeste descia à piscina e revolvia suas águas. O primeiro que então adentrasse, sarava de qualquer enfermidade. Interessante que fosse procurada por grande multidão de cegos, mancos, paralisados, considerando que a algumas centenas de metros, estava o Templo de Jerusalém. Por que não buscavam os judeus as graças de Yaweh no Templo em que consideravam devia ser adorado e aderiam, ao contrário, a uma crendice?

Ontem, como hoje, parece que quando se trata de alcançarmos algo que muito desejamos, rapidamente desprezamos crenças ainda não sedimentadas em nós. Ora, havia ali um homem, paralítico há trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava há tanto tempo nesse estado, se aproximou e lhe perguntou: Queres ficar curado?

Aquele homem não sabia quem era Jesus. No entanto, seria natural que respondesse: Sim, quero. No entanto, a sua é a lamentação de que não tem quem o lance na água, assim que seja agitada. Quando conseguia chegar próximo, alguém já adentrara antes dele. Jesus lhe ordena então: Levanta-te, toma o teu leito e anda.

O homem se ergue, e se vai, andando.

O que causa estranheza é que a multidão necessitada nada percebeu. Cada um estava focado somente em seu próprio problema, sem olhar ao redor. A grande lição de Jesus passou despercebida de todos eles, que poderiam, igualmente, se terem beneficiado do poder do Mestre. Continuaram ali, ao redor da piscina, aguardando o próximo movimento das águas. Ao curar o paralítico, testificava Jesus que a cura não estava na água. Ele, o Divino Pastor, era a cura para todos os males.


Não somos nós como aqueles doentes? O Pastor se oferece para nos socorrer, para aliviar a enfermidade das nossas almas, para aplacar nossa sede de amor, as carências que nos atormentam. Mas, as aparências do mundo, o encanto de promessas tolas nos distraem. Desejamos algo mágico, fácil, que aconteça de repente. Contudo, a doença que nos chega, a morte que abraça os que amamos, as dificuldades financeiras, tudo poderia ser melhor superado, se tivéssemos em conta o convite de Jesus: 

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Sigamos o Pastor.