Estamos em festa na liturgia da Igreja, pois lembramos a vida e o testemunho do evangelista São Lucas. São Lucas foi um dos quatro evangelistas. É o autor do terceiro evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Seus textos são os de maior expressão literária do Novo Testamento. Seu dia é comemorado em 18 de outubro. São Lucas nasceu na Antioquia, na Síria, situada próxima à costa do Mediterrâneo, hoje o sudeste da Turquia, no século I da Era Cristã. Por seus escritos acredita-se que pertencia a uma família culta e abastada. De acordo com a tradição, Lucas tinha talento para a pintura e exercia a profissão de médico. São Lucas foi introduzido na fé por volta de 40 anos. As primeiras referências a São Lucas constam das epístolas de São Paulo, nas quais ele é chamado de “colaborador” e de “o médico amado” (Cl 4,14).
Lucas não conheceu Jesus pessoalmente. Ele conheceu o Senhor através dos apóstolos. Ele foi discípulo dos apóstolos de Jerusalém e depois foi discípulo de São Paulo. São Lucas, cujo nome significa “portador de Luz”, é padroeiro dos médicos e dos pintores. São Lucas é representado com um livro ou com um touro alado, pois inicia o Evangelho falando do templo onde eram imolados os bois. Ambos fazem várias viagens apostólicas, tornando-se um dos primeiros missionários do mundo greco-romano. Tornou-se excecional para a vida da Igreja por ter sido dócil ao Espírito Santo, que o capacitou com o carisma da inspiração e da vivência comunitária, resultando no Evangelho segundo Lucas e na primeira história da Igreja, conhecida como Atos dos Apóstolos.
No Evangelho segundo Lucas, encontramos o Cristo, amor universal, que se revela a todos e chama Zaqueu, Maria Madalena, garante o Céu para o “bom” ladrão e conta as lindas parábolas do pai misericordioso e do bom samaritano. Nos Atos dos Apóstolos, que poderia também se chamar Atos do Espírito Santo, deparamos com a ascensão do Cristo, que promete o batismo no Espírito Santo, fato que se cumpre no dia de Pentecostes, e é inaugurada a Igreja, que desde então vem evangelizando com coragem, ousadia e amor incansável todos os povos.
Uma tradição – que recolheu no séc. XIV Nicéforo Calisto, inspirado numa frase de Teodoro, escritor do século VI – diz-nos que São Lucas foi pintor e fala-nos duma imagem de Nossa Senhora saída do seu pincel. Santo Agostinho, no século IV, diz-nos pela sua parte que não conhecemos o retrato de Maria; e Santo Ambrósio, com sentido espiritual, diz-nos que era figura de bondade. Este é o retrato que nos transmitiu São Lucas da Virgem Maria: o seu retrato moral, a bondade da sua alma. O Evangelho de boa parte das Missas de Maria Santíssima é tomado de São Lucas, porque foi ele quem mais longamente nos contou a sua vida e nos descobriu o seu Coração. Duas vezes esteve preso São Paulo em Roma e nos dois cativeiros teve consigo São Lucas, “médico queridíssimo”. Ajudava-o no seu apostolado, consolava-o nos seus trabalhos e atendia-o e curava-o com solicitude nos seus padecimentos corporais. No segundo cativeiro, do ano 67, pouco antes do martírio, escreve a Timóteo que “Lucas é o único companheiro” na sua prisão. Os outros tinham-no abandonado. O historiador São Jerônimo afirma que Lucas viveu a missão até a idade de 84 anos, terminando sua vida com o martírio. Por isso, no hino das Laudes rezamos: “Cantamos hoje, Lucas, teu martírio, teu sangue derramado por Jesus, os dois livros que trazes nos teus braços e o teu halo de luz”. É considerado o Padroeiro dos médicos, por também ele ter exercido esse ofício, conforme diz São Paulo aos Colossenses (4,14): “Saúda-vos Lucas, nosso querido médico”.
São Lucas, rogai por nós!
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