Evangelho (Jn 16,5-11): «Agora, eu vou para aquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: ‘Para onde vais? ’ Mas, porque vos falei assim, os vossos corações se encheram de tristeza. No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós. Quando ele vier, acusará o mundo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento. Quanto ao pecado: eles não acreditaram em mim. Quanto à justiça: eu vou para o Pai, de modo que não mais me vereis. E quanto ao julgamento: o chefe deste mundo já está condenado».
“Há um lugar dentro de ti onde todas as coisas são perfeitas, pois repousam na criação de Deus. Neste lugar és amparado pela luz e pelo amor e diante disso o que poderia machucar o teu coração ou fazer-te pequeno perante a alegria de Deus? Um lugar onde a respiração é pausada porque é feita de tranquilidade. Vai e toma teu lugar ...”
RODA DA VIDA
terça-feira, 23 de maio de 2017
sábado, 20 de maio de 2017
quarta-feira, 10 de maio de 2017
terça-feira, 9 de maio de 2017
Ando devagar porque já tive pressa
Ando devagar porque já tive pressa... Pressa de ter tantas coisas, de chegar a tantos lugares, pressa do ter, do parecer.
Mas hoje ando a passo lento, pois já entendo que a vida é uma busca de si mesmo, do ser: ser melhor, ser amável, ser amigo, ser sensível, ser compassivo, ser caridoso...
Hoje compreendo que é preciso paz para poder sorrir, pois o sorriso verdadeiro, a felicidade autêntica, vem da paz de espírito, a paz de consciência, de quem segue o caminho do bem a todo custo.
Entendo também que as chuvas são bem-vindas, e que sem elas não há floradas, pois é preciso chuva para florir.
A dor nos esculpe a alma, quando bem entendida, quando bem absorvida nos passos diários da lida.
Ando devagar porque já tive pressa... Pressa do sucesso a qualquer custo, pressa de ser popular, de ser o primeiro, de agradar a todos...
Mas hoje ando tranquilo, percebendo mais as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs, absorvendo a vida em toda sua plenitude.
O viver pode ser o mesmo, as circunstâncias podem permanecer inalteradas, mas minhas lentes são outras. Enxergo tudo de outra forma.
E o mais importante de tudo: descobri que para cumprir a vida, para cumprir meu papel, minha missão aqui, preciso compreender minha própria marcha.
Sêneca, antigo sábio, afirmou que nenhum vento é a favor para quem não sabe para onde ir. Então, compreender a marcha é fundamental. Precisamos saber para onde estamos indo, precisamos saber o que é nossa marcha, nossa vida.
Só então posso ir tocando em frente, com simplicidade e devoção, com alegria e coração.
Pois todos temos talento, todos carregamos o dom de ser capaz e ser feliz.
A felicidade não é para poucos, não, é para todos. E cada um a vai encontrando no seu tempo, no seu momento, da sua forma.
Ando devagar porque já tive pressa... Pressa de partir, já quis desistir de tudo, em alguns momentos, mas hoje ando como que em câmera lenta, com a coragem de quem quer ficar e ver tudo até o fim.
Carrego esse sorriso porque já chorei demais, mas isso não quer dizer que não voltarei a derramar alguma gota dos olhos. Significa apenas que os sorrisos serão a regra. A lágrima, exceção.
Ando devagar no passo curto dos meus filhos, pois se resolver andar acelerado, os deixarei para trás.
Ando devagar para perceber o sabiá cantador, pois se torno minha vida uma bomba-relógio, passo a não perceber a vida que passa ao largo de meus passos, e assim, os sabiás passam a não existir mais.
Ando devagar para ainda conseguir olhar onde piso, e não esmagar nada, nem ninguém com minha desatenção ou deselegância.
Ando devagar para pensar um tanto mais antes de agir, para escolher as palavras certas, para digerir uma ideia nova, para escolher um caminho, para silenciar a mim mesmo por alguns instantes.
Ando devagar... porque já tive pressa.
* * *
A vida é especialmente rica para que se passe por ela, às pressas, sem atentar para os detalhes.
O mundo é pleno de belezas para que se o percorra aos saltos, sem nos determos a descobrir as belezas das flores, o segredo das matas, o encanto das fontes.
Pensemos nisso!
quarta-feira, 3 de maio de 2017
Tesouro da oração
Francisco Osuna, sacerdote místico espanhol do período renascentista - séculos quinze e dezesseis - na sua grande obra “Abecedário terceiro”, afirma que:
“A primeira forma de orar, a que se situa no plano da fé, é como escrever a um amigo.
A segunda forma de orar, situada no plano da esperança, é como escrever a um amigo e esperar por uma resposta.
A terceira maneira de orar, situada no plano do amor, é como se fôssemos pessoalmente à casa desse amigo.”
A antiguidade do conceito - mais de quinhentos anos - é de grande utilidade, porque esse amigo é Deus, cuja oração deve ser-lhe dirigida.
Trata-se de um grito emocional na hora da aflição encaminhado ao Pai Criador, como um ato de irrestrita confiança.
Noutras vezes, é uma descarga de angústias que necessita de socorro imediato e, por fim, é um enlevo de gratidão em delícia de emoção.
Por isso a oração, de maneira alguma se circunscreve apenas ao ato da rogativa. Também é instrumento de louvação e, por fim, de júbilo pelo bem alcançado, em forma de reconhecimento.
Orar é romper as barreiras mentais limitadoras das emoções e necessidades imediatas para alcançar os altiplanos da vida.
Nem sempre é tão fácil a oração assinalada pela perfeita integração da criatura com o Criador.
A falta do hábito salutar interrompe o fluxo do pensamento e ideias extravagantes interferem no ato, dificultando a sintonia.
A insistência disciplinadora, mediante a criação de novo programa, termina por facultar a doce interação entre quem ora e o destinatário.
Quando a fé ora, uma vibração ascendente superior rompe as cristalizações mentais e abre o psiquismo ao Senhor.
Quando a esperança ora, há uma natural comunhão que devolve a onda de luz que beneficia quem faz a solicitação.
Quando é o amor que ora, sucede uma fusão de psiquismos que culminam no êxtase.
* * *
Ainda associamos a oração a um ritual externo, a um endereçamento de palavras rebuscado, repleto de formalidades. São séculos e séculos de cultura arraigada na alma antiga.
Escrevemos a um Senhor que tememos, não conhecemos, e que mora muito longe...
Porém, quando desconstruirmos essa ideia – aos poucos, é claro – e transformarmos esse ato numa conversa de respeito, amizade e encanto, perceberemos que o Criador nunca esteve longe como imaginávamos. Nós é que criamos tal distância...
* * *
A palavra religião pode ter duas principais raízes.
Para alguns pensadores, o termo latino religare teria criado a palavra religião, numa alusão à necessidade de uma religação com o Criador.
Para outros, o termo pode ter vindo da palavra relegere, que significa reler, revisitar, retomar o que estava largado.
Que nossa oração aprenda a encurtar caminhos.
Que nossa oração nos faça perceber o Pai em tudo e em todos.
Que nossa oração seja, por si só, remédio para os pensamentos deletérios que ainda reinam em nossas mentes agitadas e confusas.
Que nossa oração – tesouro que temos – nos possibilite caminhar com os pés limpos, mesmo ainda pisando os pântanos do mundo.
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