Diego não
conhecia o mar.
O pai,
Santiago Kovadloff, resolveu levá-lo para que conhecesse o mar gigantesco. Viajaram
para o sul. O oceano estava do outro lado dos bancos de areia, esperando.
Quando o
menino e o pai alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o
mar apareceu na frente de seus olhos.
Foi tanta a
imensidão do mar, tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo com tamanha
beleza. E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu
ao pai: “Pai, me ajuda a olhar?”
Nós, pais,
estamos no mundo para ajudar nossos filhos a olhar.
Por trás
desse me ajuda a olhar, de menino inocente e admirado, estão as grandes
questões da educação no lar.
A pergunta
do filho poderia ser entendida como: Pai, me ajuda a perceber todas as belezas,
as nuances, tudo que ainda não consigo perceber?
Ajuda-me a
saber admirar as coisas importantes da vida, você que já viveu tanto e tem
tanta bagagem de mundo, tanta experiência?
Ajuda-me a
compreender a existência, seus desafios, seus objectivos maiores?
Ajuda-me a
não temer os problemas, a aprender com eles, toda vez que resolverem aparecer?
Ajuda-me a
caminhar? Sem precisar caminhar por mim, pois tenho que descobrir meus próprios
passos, mas, nos primeiros, principalmente, você fica ao meu lado?
E quando eu
cair, você vai estar lá? Pois muitas coisas neste mundo me assustam, e preciso
de uma segurança, de um lar para onde eu possa voltar. Ajuda-me a olhar
para dentro de mim, pai?
Preciso me
conhecer para me amar, para me perdoar e não deixar que a culpa me faça
menor. Ajuda-me a olhar para dentro de mim?
A descobrir
minhas potencialidades, minhas habilidades, o que tenho de bom?
Pois se
você, pai, disser: “Você pode, meu filho. Você tem capacidade você é
inteligente...” aí sim, vou acreditar.
E, se nessa
busca eu encontrar algo que não goste, não suporte, você me ajuda a eu não
desistir de mim mesmo?
Por isso
preciso de você aqui, ao meu lado, me ensinando a olhar o mundo e a mim com
olhos de quem quer a paz e não mais a discórdia, a violência. Por isso
preciso que me ensine a olhar, que me ensine a escolher para que, um dia,
quando meus olhos estiverem vendo o oceano, da altura dos seus... eu então
possa dizer ao meu filho:
“Vou lhe
ensinar a olhar, meu filho, não se preocupe. Segure firme em minhas mãos e
vamos olhar o mundo juntos... Sempre juntos.”
Allan
Kardec, Codificador da Doutrina Espírita, em O livro dos Espíritos assevera: Os
espíritos apenas entram na vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar.
A fraqueza
da idade infantil os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e
dos que devem fazê-los progredir. É então que podem reformar seu
carácter e reprimir suas más tendências. Este é o dever que Deus confiou a
seus pais, missão sagrada pela qual terão de responder.
com base em trecho de O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, ed. Porto e no item 385 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec
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