Os Seus eram os mais estranhos discursos que a Terra já ouvira ou tornaria a ouvir.
Ele se afirmava Filho do homem. E foi preciso que os séculos se sucedessem para que pudéssemos entender que Ele assim se denominava porque não pertencia a esta Humanidade. Veio para cá uma única vez com objetivo bem específico: ensinar a Lei de amor, exemplificá-la em todos os matizes e sob os mais diferentes aspectos.
Quando todos os grandes da Terra têm seus palácios, seus domínios, seus vassalos, Ele dizia que as cobras tinham seus covis, as árvores tinham seus ninhos. Mas Ele, o Filho do homem, não tinha uma pedra sequer para repousar a cabeça. Era o ensino do desprendimento dos bens materiais, da sua desnecessidade quando a finalidade é revolucionar o pensamento de toda uma Humanidade como Ele o fez. De forma tão radical, que assinalou a Sua passagem pelo planeta, dividindo a História entre antes e depois d´Ele.
Antes, era a lei do olho por olho. Lei de talião.
Com Ele, inaugura-se a era do amor, da busca do outro, do importar-se com o semelhante. Aprendemos que a estrela solar é a luz que ilumina nosso planeta. Mas, Ele se afirmava a luz do mundo. Estrela de primeira grandeza, astro do dia. Quem andasse com Ele, não andaria em trevas. Não se referia à luz física, de que necessitamos para as nossas noites. Falava da luz que ilumina sempre, que rompe as trevas da ignorância, da maldade. Luz do mundo. Afirmou que éramos filhos da luz. Gerados pela luz divina. Lucigênitos.
Por isso, o convite para que deixemos brilhar a nossa luz. Luz da nossa inteligência, do nosso amor. Mais ainda, afirmou que se nossos olhos fossem bons, todo nosso corpo seria luz. Olhos bons de ver o belo, refletir o bem. Olhos de compreensão.
Um Homem de estranhos discursos.
Quando almejamos defender mais direitos e menos deveres, Ele aconselhava a que se alguém nos convocasse a andar mil passos, andássemos até dois mil. Que dizeres são esses para uma Humanidade ainda tão ignorante? Ceder ao outro, não revidar ao mal, perdoar ao inimigo. Orar pelos que nos perseguem e caluniam. Quem pode entender esses discursos? Quem os pode seguir?
O Homem de estranhas falas teve muitos seguidores.
Na Úmbria, um jovem cantor produziu versos de louvor aos céus, ao Criador, à natureza. Recordou que o melhor era doar-se. E propôs a reconstrução do pensamento crístico para felicidade do homem.
Na Índia, uma mulher franzina foi ao encontro dos pobres mais pobres, com sua fé e sua persistência no amor.
Na Bahia, outra mulher, pequena, enferma, atraiu a si todos os deserdados da alegria, da saúde, da fartura para lhes oferecer o pão, o medicamento, a ventura de se sentirem seres humanos.
O Homem de estranhos discursos tem sua vida vasculhada até hoje. Há os que dizem que Ele foi uma invenção para acalentar infelizes. Há os que afirmam que Ele não passou de um profeta que andou pelas estradas falando coisas que ninguém entendia. Aqueles que O encontramos na intimidade do coração, simplesmente O amamos. Jesus, o Homem dos discursos recheados de amor e de sabedoria.
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