Caro amigo:
Desejo pedir perdão pelo mal que te fiz. Infelizmente, naquela ocasião, eu me encontrava infeliz, mal comigo mesmo, sem a capacidade de discernir entre o bem e o mal. O que deveria e o que não deveria fazer. Reconheço que te magoei com a minha insolência e desequilíbrio, causando-te sofrimentos desnecessários.
Aprendi a lição da dignidade, após atravessar os caminhos sombrios do remorso, procurando reparar a culpa, tentando reabilitar-me através das boas ações, a fim de me encorajar a pedir-te perdão. Reconheço que é mais infeliz aquele que acusa indevidamente, aquele que comete o erro de ofender o outro do que a sua vítima.
Quando o ofendido supera a situação deplorável, se eleva no rumo da iluminação, enquanto o seu adversário mergulha no abismo do desequilíbrio, assinalado pela culpa de que não se consegue libertar. Tem piedade, portanto, de mim, conforme hoje dou-me conta da própria inferioridade. Sei que não será fácil compreender tudo quanto sinto e gostaria de te dizer...
No entanto, prossegue na tua jornada, olhando para trás e estendendo a mão para mim, em socorro, eu que me encontro na retaguarda. Desejo, porém, que saibas quanto estou feliz por poder haver chegado a esta conclusão, a este momento, conseguindo dizer-te, embora em poucas palavras, o que me vai na alma, reabilitando-me, pelo menos um pouco, do mal que te fiz.
Se pedíssemos perdão mais vezes, certamente seríamos mais felizes. O pedido de perdão verdadeiro nos faz mais fortes, porque com ele vem o reconhecimento do erro, e a autoproposta de não mais errar. No pedido de perdão vem o desejo do bem ao outro. Desejo exatamente oposto àquele que gerou toda a situação desastrosa entre as almas de um e de outro. Por carregar tal aspiração, representa grande vitória do bem contra o mal. Dessa forma, ao reconhecer que magoamos alguém, que prejudicamos alguém, disponhamo-nos a pedir perdão. Procuremos o outro e, de alguma forma, demonstremos que estamos cientes do erro, que nos arrependemos do que dissemos, ou fizemos em seu prejuízo e que, agora, somente lhe desejamos o bem. Não esperemos contrapartida. A vitória de quem sabe pedir perdão está dentro de si mesmo, e não depende da aceitação da outra parte. Eventualmente, o outro não estará preparado ou disposto a nos conceder o perdão. Isso, na essência, não importa. A nós, compete reconhecer o erro, pedir perdão, estabelecer o propósito de não tornar a cometer a mesma falta. Finalmente, dependendo do que tenhamos dito ou feito, nos disponhamos a reparar o mal que tenhamos causado. Quando tomarmos essa decisão, estaremos no início da grande jornada da felicidade, que é a paz de uma consciência íntegra.