Entardecia... Na
pequena cidade, a jovem desalentada passava em frente a uma igreja, quando
resolveu entrar.
Nem era da sua
religião aquela instituição. No entanto, estava tão triste, com vontade de que
o mundo acabasse para que ela própria fosse consumida, que se dirigiu para a
porta.
Nesse exacto
momento, o sacristão se preparava para fechar o local.
Isabel recuou.
Entretanto, ao perceber-lhe a intenção, ele convidou:
Deseja entrar? Seja
bem-vinda.
Mas, o senhor
estava fechando.
Sem problemas.
Entre e fique quanto quiser. Posso fechar as portas mais tarde.
Ela adentrou o
templo. Com certeza, era diferente do local que costumava frequentar.
Sentou-se em um dos
bancos e principiou a orar. Uma torrente de lágrimas a tomou. Era como se toda
sua dor extravasasse. Soluçou baixinho, enquanto pedia ajuda.
Deus a ouviria?
Porque tamanha tristeza nem ela mesma conseguia explicar. Tinha problemas, é
verdade. Quem não os tem?
Mas sua razão dizia
que ela não deveria estar tão triste assim. Afinal, havia pessoas, no mundo,
que sofriam muito mais do que ela.
Orou de novo.
Sentiu-se envolver por uma doce presença espiritual.
O sacristão,
discreto e atento, se aproximou.
Senhora, eu fui
buscar um pouco desta água que abençoamos aqui na igreja. Leve para sua casa.
Tome. Vai se sentir melhor.
Ela apanhou o
pequeno frasco, agradeceu e saiu. Sentia-se melhor.
Mais tarde, em casa,
tendo em mãos o livro de sua predilecção para a reflexão diurna, ficou a
pensar:
Como Deus é bom!
Deus não tem religião. Ele está em todo lugar. Atende a todos os seus filhos e
se manifesta através de qualquer pessoa de boa vontade.
Deus é amor.
Infinitamente justo e bom, derrama das suas bênçãos por todo o Universo.
Quando aprendemos
que Deus é Omnipresente, nem sempre nos damos conta de que, dentro e fora dos
templos, Ele está presente.
Jesus orava em
pleno coração da natureza. Buscava o Pai no silêncio da noite, ou nas tardes
mornas, à beira do lago.
Foi Ele quem nos
ensinou que Deus deve ser adorado, em Espírito e verdade, no altar do coração.
Os homens erguemos
templos, no intuito de melhor atender as pessoas, permitindo-lhes um local de
acolhimento, uma escola de aprendizagem.
Contudo, alguns de
nós, exactamente nessa oportunidade, começamos a nos dividir e criar exclusões.
Como se Deus
protegesse a uns mais do que a outros. Todos Seus filhos.
Bom que meditemos a
respeito da Omnipresença Divina e nos respeitemos mais, participantes de cultos
e religiões diversas.
Deus não tem
religião. A religião serve aos homens para justamente nos aproximar d´Ele.
Portanto, jamais deve ser motivo de separação ou de discórdia.
Louvamos os
servidores do Senhor que atendem a dor humana, sem indagar da pessoa se é ou
não afeiçoada a esse ou aquele culto.
Louvamos os que têm
o dom da palavra e a oportunidade da liderança e as utilizam para semear a paz,
a concórdia e o amor entre todos.
Deus abençoe os que
servem, de forma anónima e discreta, no silêncio dos templos, na dor dos
hospitais, na convulsão dos corações.
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