Em tempos da pandemia assolando nações, temos registrado, igualmente, manifestações muito positivas. Um vídeo nos chamou a atenção e descreveremos as cenas, ao sabor da nossa própria imaginação, acrescentando frases e ideias.
O locutor fala de um homem, na Itália que, aos noventa e três anos, foi hospitalizado com Covid-19. Ao ter alta hospitalar, foi-lhe informado que deveria pagar a quantia de quinhentos euros pela utilização do respirador artificial. Lágrimas rolaram pelas faces do idoso. O médico lhe disse que ele não deveria chorar pela conta. Afinal, tudo poderia ser resolvido.
Um acordo poderia ser feito. Ele poderia negociar a dívida, na tesouraria do hospital. Não havia motivo para que ele viesse a se desesperar. No entanto, ainda emocionado, respondeu o italiano: Doutor, não choro porque preciso pagar esse valor. Eu disponho do dinheiro, sem problemas. É que me dei conta de que preciso pagar por ter utilizado um respirador que me permitiu respirar, na crise epidêmica.
No entanto, eu respirei o ar de Deus por noventa e três anos, e nunca, sequer, agradeci por isso. Registo agora o quanto devo a Deus: noventa e três anos de ar gratuito. Ar que encheu meus pulmões, que me permitiu viver, correr, trabalhar, amar, constituir família. Todos os dias da minha vida! Eu viajei a muitos países e em nenhum deles paguei imposto ou qualquer taxa pela utilização do ar marítimo, da montanha, dos vales, das florestas. Nunca precisei disputar vaga para ter acesso a esse ar. Como pude viver tanto e não perceber essa grande dádiva, diária, constante, todos os dias?
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Diariamente, recebemos muitas dádivas de Deus. O ar que respiramos é apenas uma delas. Cabe-nos o dever, como usufrutuários deste imenso lar, chamado Terra, que não o contaminemos, com nosso desleixo, com nossas agressões ao meio-ambiente. Isso é o mínimo que nos compete fazer. E, respirando longamente, agradecer ao bom Pai que tudo dispôs para nossa vida no planeta. Se precisamos trabalhar pelo alimento, pelo abrigo, pela vestimenta, lembramos que a Divindade nos recompensa o labor. Como relatou o escrivão oficial de Pedro Álvares Cabral, esta é uma terra abençoada em que, nela se plantando, tudo dá.
Vivemos em um planeta extraordinário. Semeamos e colhemos. Regamos e vemos a planta brotar, crescer, oferecer flores e frutos. Os campos verdejantes se estendem a perder de vista. A floresta exuberante nos mostra a sua diversidade, que acolhe as mais variadas espécies animais.
Que planeta é este, tão rico, tão magnífico?
Quanto nos é dado, de forma gratuita. Com a nossa gratidão, nos cabe uma outra reflexão: que direito temos de açambarcar somente para nós os bens da Terra?
Se o Pai amoroso e bom nos dá o exemplo da generosa oferta a todos, de igual forma, das bênçãos do ar, da natureza, da vida, não nos cabe lhe seguir o exemplo e sermos um tanto mais fraternos?
Essa é uma grave reflexão para nossos dias de gratidão, agora, enquanto sentimos o ar nos penetrar os pulmões, respirarmos sem dificuldades, sem ônus algum.
Pensemos a respeito.
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