Ele não poderá gritar por socorro para ninguém. Se ele conseguir passar a noite toda lá, será considerado um homem. Ele não deverá contar a experiência aos outros meninos, porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo. O menino ficará naturalmente amedrontado. É possível que ouça barulhos de toda espécie. Os animais selvagens poderão estar ao redor dele. Talvez possa ser ameaçado por outro humano. Insetos e cobras poderão feri-lo. É provável que sinta frio, fome e sede. O vento soprará a grama, as árvores balançarão e ele se manterá sentado estoicamente, nunca removendo a venda. Segundo os Cherokees, esse é o único modo de se tornar homem. Finalmente, após a noite de provações, o sol aparece e a venda é removida. Ele então descobre seu pai sentado na montanha, próximo a ele. Estava ali, a noite inteira, protegendo seu filho do perigo.
“Há um lugar dentro de ti onde todas as coisas são perfeitas, pois repousam na criação de Deus. Neste lugar és amparado pela luz e pelo amor e diante disso o que poderia machucar o teu coração ou fazer-te pequeno perante a alegria de Deus? Um lugar onde a respiração é pausada porque é feita de tranquilidade. Vai e toma teu lugar ...”
RODA DA VIDA
quinta-feira, 27 de maio de 2021
Lenda dos índios Cherokees
terça-feira, 25 de maio de 2021
Nosso reencontro
Tu partiste. O terrível vírus te levou. Para mim, ficou a saudade que, a cada hora, me recorda tua ausência física. Tínhamos tantos sonhos: uma viagem a França, um filho. Tudo esquematizado, planificado.
Desejávamos rever paisagens que, em nossa lua de mel, nos haviam enchido os olhos de beleza e enriquecido a mente de cultura: o Monte Saint-Michel, as praias da Normandia, a Torre Eiffel, a Catedral de Notre Dame...
Cada coisa a seu tempo, é o que dizíamos. E esperamos. Mobiliar o apartamento, melhorar o orçamento doméstico, guardar algum dinheiro. Mas, então, de forma inesperada, a pandemia chegou e destroçou todos os sonhos. Nem pudemos nos despedir. E um grande vazio pareceu se instalar em minha alma. No entanto, abençoados que fomos com o esclarecimento espírita, recordei das lições do sono e dos sonhos. Do sono que nos é dado para o repouso físico, enquanto a alma, parcialmente liberta, transita pelo mundo espiritual, sua verdadeira pátria. Passei a rogar a Deus que me permitisse reencontrá-la, poucos minutos que fossem.
Minhas noites sempre foram povoadas de sonhos. E, foi assim, que numa madrugada dessas, vieste ao meu encontro. Mal adormecera e senti a tua presença. Parecias mais jovem. Disseste que estavas bem e ali ficamos, de mãos dadas, por tempo que não sei dimensionar, a conversar, a amenizar a dor da ausência de tantos meses. Sei que conversamos muito, disse-te como ocupo os meus dias, contaste-me tuas experiências na vida espiritual.
Não recordo tudo que dissemos, nem o que fizemos. Porém, quando a manhã me despertou, acordei com a sensação de um grato presente. Senti-me leve, feliz como há muito não me sentia. Agradeci a Deus o ter despertado mais uma vez, para a vida que ainda me resta a viver, e o desejo de o fazer com muita dignidade, aproveitando cada precioso dia.
Agradeci a Deus essa maravilha com que nos presenteou. As horas intensas de trabalho, de estudo, de construção e aquelas para o restabelecimento das energias físicas, enquanto dorme nosso corpo. Ao mesmo tempo, essa possibilidade de adentrarmos o mundo espiritual, de onde viemos todos, e ir ao encontro de quem precisou partir.
Como se pode descrever a alegria de um reencontro de almas? Como se pode descrever os sentimentos que nos tomam por inteiro, quando reencontramos um amor tão amado?
Nosso desejo é que se eternizem aqueles momentos. Mas, toda alegria é justamente inédita, especial, porque não é perene. A vida nos ensina isso. São momentos que passam. Momentos que podemos bem aproveitar ou somente lamentar. A escolha nos pertence.
Agradeço a Deus por ter estado contigo, pelo aconchego, pelo reviver do teu carinho. Agradeço a Deus o despertar no corpo, mais um dia, onde ainda me aguardam tarefas a realizar e pessoas a servir. Oro e aguardo. Quem sabe, em algum outro momento, em que minha alma esteja leve, a saudade intensa, Deus nos permita um novo reencontro.
Viveremos assim: tu lá e eu cá, atendendo os próprios deveres.
Até breve, meu amor!
domingo, 23 de maio de 2021
Consolando sempre
Vivemos na Terra dias de graves dificuldades, especialmente agravadas pela pandemia que se abateu sobre o planeta, desde o primeiro semestre de 2020. Mudanças de toda ordem aconteceram. Pessoas adoeceram. Pessoas morreram. Pessoas em luto choram a partida de seus entes queridos. Pessoas conseguiram driblar o vírus cruel, mas sobrevivem com sequelas, que lhes atormentam as horas. Pessoas perderam seus empregos e não encontram solução para os problemas que se avolumam.
São dias de muita dor para as almas, que se encontram sobre a Terra, nesta conjuntura histórica.
Mas, ao mesmo tempo, há muitas pessoas fazendo o bem e procurando levar consolo àqueles que sofrem.
O vocábulo consolo tem sua origem na língua latina, da junção de duas palavras: com, que significa junto, e solari, que significa suavizar, e também deriva da ideia de solo, chão. Isso quer dizer que consolar é buscar amenizar a dor do outro ou, dar-lhe um chão. É comum, na linguagem popular, quando alguém recebe uma notícia impactante, dizermos que a pessoa está sem chão. Consolar é oferecer esse chão. Levar aos nossos irmãos uma base sólida construída a partir dos ensinos cristãos. Pavimentar esse solo com os valores da bondade, da esperança e do amor. É levar o acolhimento àquele que sofre, com palavras, ideias, sentimentos. Com a nossa presença, mesmo que seja virtualmente. A situação pandêmica que vivemos não nos permite, muitas vezes, estarmos fisicamente presentes com aqueles que queremos ajudar, aqueles pelos quais nutrimos afeição. Mas, podemos estar juntos de forma virtual, graças aos abençoados meios tecnológicos. Jesus, nosso Modelo e Guia, consolou muitas pessoas enquanto esteve entre nós. Acalentou aqueles que sofriam dores morais. Levou alívio àqueles que padeciam ante doenças físicas. Através de suas palavras, semeou esperança e reconforto a muitos desalentados. Acolheu, com Seu olhar e com Seus braços, os que se encontravam caídos. Foi Ele quem nos legou o ensino precioso: Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados. E nos acenou com seu acolhimento amoroso: Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. É a promessa de que todos seremos consolados. Consolar não é tirar a dor que o outro está sentindo. Consolar é buscar o entendimento das razões do sofrimento. É partilhar da fé no amor de Deus. É possibilitar a compreensão sobre a vida futura. É propiciar o saber de que as Leis Divinas são perfeitas. Consolar é semear o chão do outro com estímulos para a resignação, a fé, a calma e a coragem. É possibilitar a certeza de que tudo passa, nesta vida. Nada é para sempre. Todos podemos nos tornar esses consoladores que transmitem a renovação do bom ânimo. Todos temos o poder de pronunciar a palavra que conforta, anima, a quem já está quase desistindo da vida.
Pensemos nisso e não deixemos de oferecer consolo, hoje, agora, enquanto a necessidade se faz presente.
terça-feira, 18 de maio de 2021
Milagres em todo lugar
Não há palavra capaz de dizer quanto eu me sinto em paz perante Deus e a morte. Escuto e vejo Deus em todos os objetos, embora de Deus mesmo eu não entenda nem um pouquinho...
Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa demais? Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
Cada momento de luz ou de treva é para mim um milagre, milagre cada polegada cúbica de espaço. Cada metro quadrado de superfície da Terra está cheio de milagres, e cada pedaço do seu interior está apinhado deles.
O mar é para mim um milagre sem fim: os peixes nadando, as pedras, o movimento das ondas, os navios que vão com homens dentro.
* * *
Walt Whitman, autor destes versos, confessa que não entende Deus, mas O sente profundamente nas coisas da vida. Neste poema, intitulado Milagres, ele vai descrevendo detalhada e apaixonadamente, tudo que lhe mostra com clareza a presença desses milagres.
Por vezes são coisas tão simples, como sentar à mesa e fazer uma refeição com sua mãe, ou sentar debaixo de uma árvore com alguém que ama, ou ainda observar os animais se alimentando no campo. O poema é uma descrição de dezenas de imagens, situações e fatos, que ele considera como milagres. Uma narração arrebatadora de alguém que consegue, simplesmente, perceber as belezas da vida.
Um encontro de uma alma com a riqueza do singelo. Contemplação enlevada do que para muitos já passa despercebido, sem ser notado...
Onde foi parar nossa sensibilidade para essas coisas? Onde foi parar nosso encantamento com a vida?
Por que não enxergamos mais os milagres que cintilam no véu da noite, e que são cores sob o astro rei do dia?
Uma série de anúncios de televisão mostrou algo muito interessante. Num deles, mostrava muitas pessoas fechadas num escritório, trabalhando. Uma delas então, começava ir, de sala em sala, dizendo algo como Venham ver! É incrível!
A notícia se espalhou e todos começaram a sair correndo de seus postos de trabalho para irem em direção a uma grande janela que havia no prédio. Quando finalmente todos chegaram lá, estavam anestesiados encantados com a imagem: era um pôr do sol. E diziam: Nossa, um pôr do sol, que lindo! Inacreditável!
Possivelmente, há tanto tempo não viam o sol se pôr, que haviam esquecido quanto era belo. Acostumamos com muitas coisas e deixamos de perceber o quanto são grandiosas. Acostumamo-nos com as pessoas, e esquecemos de dizer o quanto são importantes para nós. Acostumamos com tudo que temos, e nem temos mais tempo de agradecer...
Precisamos voltar a surpreender-nos com a vida, com as pessoas, connosco mesmo.
Quantos milagres acontecendo neste exato instante?
Quanto mais pudermos identificá-los e senti-los, mais próximos poderemos estar deste estado d´alma que pode afirmar:
Não há palavra capaz de dizer quanto eu me sinto em paz perante Deus e a morte.
Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa demais?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
domingo, 16 de maio de 2021
Evangelho (Mc 16,15-20)
Naquele tempo, Jesus se apareceu aos onze e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados».
domingo, 9 de maio de 2021
Evangelho (Jo 15,9-17)
Naquele tempo, Jesus falou assim aos seus discípulos: «Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.
»Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vos sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará. O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros».
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Mamã, por que te amo tanto?
Todas as crianças, inevitavelmente, chegam naquela fase das famosas perguntas. Perguntam sobre tudo. Querem saber sobre tudo, num afã natural e belo de se ver, na busca pelo conhecimento, por descobrir o mundo.
Do que são formadas as nuvens?
Por que aquele homem mora na rua?
Como o Pai do Céu pode vigiar todos ao mesmo tempo?
Como nasceu a primeira mãe de todas?
Porquês e mais porquês... Que acabam deixando os pais de cabelo em pé, em muitas ocasiões. Uma dessas perguntas em especial, chamou-nos a atenção, quando em contato com uma reportagem de certa revista especializada em educação infantil.
Mamã, por que te amo tanto?
Há perguntas que nasceram para serem perguntas, e há respostas que não são palavras. – Afirma o autor da matéria. Diz ele ainda que nesses casos a melhor resposta pode ser um beijo, um abraço forte, o toque, o silêncio...
Realmente, poderíamos pensar: como explicar o amor? Como encontrar a razão na Terra onde reinam os sentimentos?
Sem a pretensão de explicá-lo, mas com a vontade de torná-lo mais admirável ainda, quem sabe poderíamos dizer a essa criança:
Você ama sua mãe, pois antes de lhe dar o abrigo desta casa feita de paredes, ela guardou você em um lar de beleza sem igual, aconchegante e cheio de paz. Você ama sua mãe, pois possivelmente esta não é a primeira vez que você a vê. Seus corações amigos podem ter se encontrado muito tempo antes...
Você ama sua mãe, certamente porque junto do alimento do corpo, ela lhe concedeu sempre a nutrição da alma, com seu sorriso e um seja bem-vindo ao mundo, meu filho!
Seu amor por sua mãe vem dos cuidados que ela tem pelas coisas mais simples da vida, como: arrumar os brinquedos no quarto para lhe darem bom dia pela manhã; colocar o macaquinho ao seu lado, para que o abrace à noite, e não se sinta só. Conversar consigo durante o banho, ensinando o nome de cada pedacinho de seu novo corpo, e enchendo-o de beijos amorosos. Dançar consigo pela sala, rodando, rodando, para ouvir suas gargalhadas deliciosas. Ficar consigo no colo, assistindo a seu desenho preferido, até que adormeça no sono, tranquilo, seguro, aquecido. Leva-lo para a sua cama, quando se sente sozinho em seu quarto à noite, aconchegando-o bem perto de seu coração - lembrando dos tempos em que você estava ali, crescendo forte dentro dela.
Finalmente, poderíamos dizer que você ama sua mãe, porque ela o ama sem pedir nada em troca. O que um dia entenderá isso como sendo o amor incondicional. E ela será seu maior exemplo dele.
Um filho bem amado nunca esquecerá sua mãe.
Mesmo que ele enverede por caminhos tortuosos, que faça escolhas perigosas na vida, aquela candeia do carinho materno sempre estará lá. Será aquela luzinha distante, no meio da escuridão dominante da ignorância - como um convite terno para trazê-lo para a senda iluminada novamente. O amor materno será sempre seu laço seguro e certo com o amor de Deus. Que o Criador Supremo do Universo abençoe todas as mães...