Algumas pessoas traziam crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: «Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!». E abraçava as crianças e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava.
Os dias de nossa infância
Aprendemos, com os instrutores espirituais, que a infância se constitui em período de repouso para o Espírito. Vindos do mundo espiritual, retornamos à cena no palco da vida física. Trazemos as conquistas realizadas, em existências anteriores. E todos passamos pelo período da infância, que se reveste de muita importância. É nesse período que se nos alicerçam as virtudes e que a educação realiza o seu grande papel. O Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.
É também um período mágico em que acreditamos que tudo é possível. Por isso sonhamos tanto, por isso a magia, o encanto são companhias constantes. Quem de nós não recorda de momentos desse período e, ao mesmo tempo, das traquinagens, das brincadeiras, no tempo em que os telemóveis e os games não faziam parte do universo infantil. O poeta Casimiro de Abreu cantou em versos as saudades da sua infância. As tardes fagueiras, à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais. Ia colher as pitangas; trepava a tirar as mangas; brincava à beira do mar. De um modo geral, são salutares as lembranças desse período em que achamos o céu sempre lindo, em que adormecemos sorrindo e despertamos a cantar.
Interessante notarmos que quanto mais avançam os anos, mais nos afloram as lembranças daqueles dias de despreocupação, em que corríamos pelos campos, cabelos soltos ao vento. Tempo em que andávamos descalços, sentindo a terra molhada, a relva fazendo cócegas nos pés. Tempo em que subíamos em árvores, em muros, sem nos importarmos com a altura. Tempos em que vivíamos com o joelho ferido, o braço esfolado, as mãos machucadas. O nosso desejo era explorar, conhecer, experimentar. Segundo Jean Piaget a infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano. Possivelmente, nenhum de nós tenha pensando que chegaria onde se encontra.
Sonhamos, idealizamos, mas, no final, a vida nos conduz para outros caminhos e trilhamos outras estradas. O importante é que aqui nos encontramos, vivendo o hoje. Vencemos os dias primeiros da infância e os vivemos com intensidade. Correndo ao sol ou debaixo da chuva, divertindo-nos na tentativa de fugir aos pingos grossos, como se pudéssemos andar entre eles. Dias gloriosos cujas lembranças nos sustentaram através dos anos da juventude à maturidade. Dias lembrados, com certa nostalgia. Uma saudade cálida, doce, de algo intensamente vivido. E com imensa gratidão.
Gratidão por todos aqueles que fizeram a diferença em nosso caminho. Os que nos desvendaram o mistério das letras, dos números, os que nos ilustraram noutro idioma além do pátrio. Aqueles que nos ensinaram a reverenciar os símbolos nacionais, a amar esta terra que, no dizer do poeta Olavo Bilac, não veremos outra igual!
Os que nos ensinaram que, acima de todos nós, a imensa família universal, há um Pai Amoroso e Bom, cujo Amor nos criou e nos sustenta. Um Pai que nos ama e que aguarda nosso retorno ao lar paterno, com o livro da vida assinalado: Vitória!
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