Qual é a minha missão? Não é esta uma pergunta que, por vezes, nos vem à mente?
Gostaríamos de saber para que estamos aqui, em que contribuímos para a melhoria das pessoas ou do mundo.
Quando nos extasiamos com a performance de um grande músico, dizemos que a sua música nos alimenta a alma, nos traz recordações, nos emociona. Contudo, o primeiro violinista da Orquestra Sinfônica do Paraná, maestro convidado e maestro adjunto por alguns anos, descobriu o maravilhoso sentido da sua vida, de forma surpreendente. De uma família de músicos, ele é Doutor em artes musicais pela Universidade Estadual de Michigan. É sobrinho-neto do maestro Bento Mossurunga, compositor do hino do Paraná. Pode-se dizer, portanto, que a música lhe está no sangue. Mais do que isso, na alma. Confessa que abraçou o violino porque suas três irmãs tocavam piano e ele cansou de ouvir tantas horas diárias desse instrumento.
Certo dia, visitando uma tia hospitalizada, levou seu violino e tocou para ela. A música atraiu muitos pacientes. Ele percebeu o benefício da música e passou a tocar, voluntariamente, em hospitais, clínicas e presídios. Ele narra surpreendentes fatos. Ouvindo-o, constatamos, verdadeiramente, como Deus se serve dos homens de boa vontade.
Certa feita, tocando no corredor de um hospital, ao chegar em frente ao quarto de um senhor, se deteve. Quando concluiu a execução musical, viu que o enfermo estava em pé, na porta entreaberta. Paulo Torres o olhou e lhe desejou que Deus estivesse com ele. Ouviu a fala, entre lágrimas: Acredite, maestro, Deus acabou de me fazer uma visita.
O violinista fala do poder da música e como se sente feliz em realizar o que faz. Em um dos hospitais de Curitiba, toca semanalmente, enquanto peregrina por vários outros. Emociona-se ao narrar que, entrando em um quarto, viu uma menina que dormia, enquanto sua mãe, sentada ao lado, mantinha a bíblia aberta. Ele tocou um hino, com alma e coração e verificou que a menina abriu os olhos. Parecia querer falar sem que palavras compreensíveis lhe saíssem da garganta. A mãe se precipitou sobre a filha, em choro convulsivo. Médicos, enfermeiros invadiram o quarto. O maestro ficou preocupado. O que acontecera? O que ele provocara? E foi saindo do quarto, de mansinho. Então, a mãe foi até ele, o abraçou e lhe disse: Obrigada. Minha filha estava em coma há três anos. Sua música a despertou.
Em suas entrevistas, ele fala dos benefícios da arte musical e como se descobriu instrumento nas mãos de Deus.
Uma senhora lhe disse que, na UCI, teve o diagnóstico de morte breve. Religiosa, orou intensamente a Deus: Senhor, dá-me uma prova de que não Te esqueceste de mim. Na manhã seguinte, o maestro visitou a UCI. Tomou do seu instrumento e executou o hino Não me esqueci de ti. Lágrimas romperam dos olhos da enferma. Duas semanas depois, recuperada, encontrando o maestro no corredor do hospital, lhe beijou as mãos, dizendo que ele fora o mensageiro do recado divino. Instrumento nas mãos de Deus.
Oxalá nós mesmos possamos descobrir como podemos nos tornar esse instrumento dócil, nas mãos divinas.
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