Se dedicássemos tempo para a meditação, descobriríamos horizontes jamais imaginados. Campos vibratórios ainda inacessíveis nos facultariam acesso a estados mentais e emocionais desconhecidos. Anotemos alguns atributos dos sentidos humanos.
A visão: dotados de uma máquina fotográfica de enorme precisão, os olhos não conseguem ver além do infravermelho e do ultravioleta, se detendo numa faixa limitada de percepção de cores e linhas geométricas.
A audição: embora o equipamento muito delicado, nossa audição não ultrapassa certas faixas de som. Flutuando entre zero e cento e vinte decibéis, não identificamos faixas na frequência do infrassom, perfeitamente acessíveis aos morcegos, cães, golfinhos e inúmeros insetos.
O olfato: nosso olfato rastreia uma série de odores, mas não identifica certas substâncias químicas, que circulam ao nosso redor, como sinais identificadores do processo de procriação entre os irracionais.
Paladar: somos capazes de identificar o salgado e o doce, o azedo e o amargo, mas não possuímos receptores para outras substâncias sutis, que escapam inteiramente à nossa percepção.
E conquanto os sentidos corporais nos levem a dominar o meio em que nos encontramos, para evoluir e aprender, outras faixas vibratórias ocultam segredos ainda impenetráveis para nosso equipamento grosseiro, cujo inquilino, o Espírito, se recusa a aprimorar pelos exercícios da oração e da meditação. Chumbado e profundamente identificado com a casca orgânica de que nos servimos para a reencarnação, trafegamos do berço ao túmulo sem nos darmos conta de um mundo rarefeito que nos cerca. À medida que crescemos no conhecimento e exercitamos valores morais na construção das teias do bem, as emoções amplificam nossa capacidade de perceber o ignorado.
Como disse a raposa ao Pequeno Príncipe: O essencial é invisível aos olhos. A personagem da imortal literatura fala para o deslumbrado viajante de um universo não identificado, não visto.
Lembramos de Beethoven, em mudo desespero, profundamente atacado pelo avanço da surdez sem detenção. Descrevem alguns biógrafos que foi procurado por uma jovem cega que disse que daria tudo para enxergar uma noite de luar. O célebre compositor se deixou tocar por aquele apelo e compôs Sonata ao luar, em 1801, onde parece descrever uma lua de prata, bailando solitária na noite salpicada de pingentes estelares.
Todos somos capazes de encontrar a nossa própria Sonata ao luar, em meio à noite escura, em meio à crise, despertando esses sentidos embotados, desenvolvendo nossa Espiritualidade e percebendo, com muito mais clareza, a vida estuante que nos cerca.
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