Um dia, a alma desperta e se encanta com a manhã que se espreguiça no horizonte. Sente-se como que a pairar acima e além da escala humana. Então, se recorda ser filha de um Pai amoroso e bom. Recorda de um Criador que a tudo para todos provê. E plena de gratidão, extravasa em versos sua alma:
Deus, inteligência das inteligências, causa das causas, lei das leis, princípio dos princípios, razão das razões, consciência das consciências. Bem tinha razão Isaac Newton ao descobrir-se, toda vez que pronunciava Vosso Nome.
Deus, Pai bondoso, eu vos encontro na natureza, Vossa filha e nossa mãe. Eu vos reconheço, Senhor, na poesia da Criação, no vento que dedilha harmonias na cabeleira das árvores. Nas cores que se apresentam tão diversificadas em matizes e gradações. Nas águas que rolam, silentes, em córregos minúsculos, nas cachoeiras que se lançam, ruidosas, de alturas consideráveis, no verdor da grama que atapeta o jardim e as praças. Reconheço-vos, Pai, na flor dos jardins e pomares, na relva dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados.
Senhor, eu vos encontro no perfume das campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das menores ramificações das copas das árvores. Também vos descubro na música dos bosques, na placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na majestade do firmamento.
Eu vos vejo, Senhor, na criança que sorri, brinca, pula e distribui alegrias, provocando risos. Eu vos reconheço, Pai, no ancião que anda lento, que tropeça. Mas, sobretudo, na inteligência que ele revela, resultado de suas experiências bem vividas. Eu vos descubro no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza.
Deus! Reconheço-vos no amor da esposa, no afeto do filho, na estima da irmã, na misericórdia indulgente. E vos encontro, Senhor, na fé do que a tem, na esperança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos íntegros. Reconheço-vos, Senhor, na inspiração do poeta, na eloquência do orador, na criatividade do artista. Também vos encontro na sabedoria do filósofo, na intelectualidade do estudioso, nos fogos do gênio!
E estais ainda nas auroras polares, no argênteo da lua, no brilho do sol, na fulgência das estrelas, no fulgor das constelações. Deus! Reconheço-vos na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades, na maravilha, no esplendor, no sublime do infinito!
Por fim, entendo, com Jesus, quando ora: Pai nosso, que estais nos céus…
Ou com os anjos quando cantam: Glória a Deus nas alturas…
com base em poema de Eurípedes Barsanulfo, do livro O homem e a missão, de Corina Novelino, ed. IDE.
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