respirar demoradamente... compassadamente... profundo..., inteiro.
Inspirar o ar, suas fragrâncias etereas como uma geleia fresca e aromatizada pelas fragrâncias invisíveis dos lugares cósmicos inimagináveis, solitários... cheios da presença inalterada do Todo.
Inspirar contraindo o espaço infinito das presenças, Divinas, de todas as suas Criaturas, para dentro de si mesmo, de seu corpo que dilata ao expandir de dentro para fora, quebrar as barreiras do corpo físico.
Inspirar, inebriar de vida, extasiar celular, vivificar de imortalidade pelo abandono do conhecido rumo a estados íntimos alterados, expandidos por tanto receber, tanto invisível a saborear a alma.
Expirar profundamente, rápida ou demoradamente as fossas deletérias do corpo, empurrar para fora as frustrações, vergonhas, pecados, falhanços, desamores, expurgar o sem uso como uma roupa molhada que se torce para que se enxugue, cravar o ar interno do corpo numa seta que se dispara percorrendo todos os cantos do corpo, e se regurgita como entranhas que se expõem à força desinfectante do sol, expirar como de um verme se libertasse, como um ultimo e defunto suspiro que matasse e fizesse acordar o mundo transcendente, a sua possibilidade ao menos..., que arrepiasse, expirar como um estalar de ossos, de articulações que se soltassem para o acordar do corpo renovado.
respirar, inspirando.... expirando.... como uma refeição bem saboreada, como uma integração de todos os ciclos naturais onde as coisas belas se harmonizam...
respirar..... como quem nasce, morre, renasce e volta a morrer, num trajecto de sonho, num lugar maravilhoso de percepções despertadas... respirar como quem se coloca como alimento no seio de quem deu a vida... vida espiritual.
respirar como quem ama, como um ato de amor, um testemunho de paixão pela vida... um amor declarado por todas as manifestações naturais de vida.
respirar para o acordar espiritual, tal como um alimento da alma...
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