Desde pequena, Karina só tinha uma paixão: dançar e ser uma das principais bailarinas do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Tudo era deixado de lado pelo objetivo de se tornar bailarina do Bolshoi. Um dia, Karina teve sua grande chance. Conseguiu uma audiência com o diretor master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Nesse dia, ela dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo o que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único passo. Ao final, aproximou-se do renomado diretor e lhe perguntou: Então, o senhor acha que posso me tornar uma grande bailarina?
Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele não deixaria de soar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha, ou fazer seu alongamento em frente ao espelho. Dez anos mais tarde, Karina, uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi, em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o senhor Davidovitch ainda era o diretor master. Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto lhe doera, anos atrás, ter ouvido dele que ela não seria capaz disso. Mas, minha filha... – disse o diretor – eu digo isso a todas as aspirantes.
Com o coração ainda aos saltos, Karina não pôde conter a revolta e a surpresa dizendo: Como o senhor pôde cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido uma grande bailarina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
Havia solidariedade e compreensão na voz do diretor, mas ele não hesitou ao responder: Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar o seu sonho pela opinião de outra pessoa.
Mesmo que deixemos de nos esforçar para ir ao encontro deles, eles permanecerão fazendo parte de nós, como uma tarefa não cumprida. Projetos nobres e ideais justos não devem ser abandonados nunca. Convictos de sua importância perante a vida, esforcemo-nos para alcançá-los, não importando quantas tentativas sejam necessárias para isso.
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