Um dos relatos mais comoventes, quando se abordam as horas anteriores à prisão de Jesus, é a Sua solidão. Durante a ceia daquela quinta-feira, Ele fizera recomendações para o futuro e revelações do que aconteceria, logo mais. Seria de se esperar que os Apóstolos se mantivessem com olhos e ouvidos atentos, na sequência das horas. Saindo do local onde tivera lugar a comemoração pascal, Jesus se dirigiu para o Getsêmani, um jardim aos pés do Monte das Oliveiras. Calcula-se que tenha sido uma caminhada de uns dez minutos.
Foram despertados, pelo Mestre, que lhes perguntou por que não haviam permanecido em oração. E lhes narrou que fora visitado por um mensageiro do Pai, que O viera confortar para o sacrifício próximo. Apesar de mais essa extraordinária revelação, poucos segundos passados, os três tornaram a adormecer. Acordaram, finalmente, com os ruídos estranhos, a invasão dos soldados do templo, a prisão do Nazareno. Considerando a tristeza da flagelação, a sentença arbitrária, e morte na cruz, o Apóstolo João entrou a refletir maduramente sobre os acontecimentos do Getsêmani. Por que dormira, ele, que amava tanto a Jesus? Por que não pudera estar com Ele, naquela prece derradeira? Por que não conseguira atender ao pedido do Amigo?
O tempo passou sem que João conseguisse esquecer aquela falta de vigilância. Certa noite, numa atmosfera de sonho, em divino esplendor, Jesus o visitou e lhe falou das lições que deveriam ser extraídas daquele episódio. Disse da marcha solitária de quantos abraçam missões de amor. Sobretudo, falou a respeito do sono da indiferença, alertando para o Orar e vigiar.
Será que prosseguiremos imersos no sono da indiferença?
É hora de despertar. Orar e vigiar.
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