O que muito me agradou quando viajei pela Índia, e que me fez também reflectir, foi que em cada casa, tanto a mais pobre como a mais rica, havia sempre um pequeno altar com imagens ou estatuetas de divindades, diante das quais estavam acesas lamparinas e ardiam alguns paus de incenso. Os grandes Mestres da Índia conseguiram incutir nos homens e mulheres daquele país a necessidade de reservar um pequeno lugar para todos os espíritos luminosos a fim de receberem a sua ajuda e a sua proteção.
Este lugar tanto pode estar no exterior como no interior da casa. Até os hotéis têm pequenos santuários nas varandas ou nos terraços e veem-se também muitos nas ruas. Evidentemente, o que menos me agradou foi que raramente vi altares bem conservados: havia toda a espécie de coisas no espaço onde estava o altar e até as imagens estavam muitas vezes sujas e estragadas como se as pessoas de lá não dessem qualquer importância à ordem e à limpeza, mas apenas ao lado simbólico das coisas.
Lembro-me de que, antigamente, na Bulgária, havia em todas as casas um pequeno nicho onde era colocado um ícone diante do qual as pessoas vinham todas as noites acender a lamparina e recolher-se um instante a fim de ficarem protegidas durante a noite. Este costume também existia em muitos outros países, porém hoje está quase abandonado por todo o lado.
Os seres humanos perderam o desejo de se ligar, a eles e a toda a família, com essas forças luminosas que podem guiá-los, protegê-los. Já nem sequer creem que pode existir essa proteção invisível. Têm outras proteções, proteções físicas, materiais, graças às quais se julgam mais protegidas, o que em certos casos é verdade, mas noutros não. É bom estarmos protegidos no plano físico, e a técnica está sempre a preparar novos aparelhos para assegurar a segurança dos seres humanos; porém, é também indispensável estarmos protegidos, do ponto de vista espiritual, por correntes, por entidades celestes.
Mas esse lugar de que estou a falar-vos, esse lugar nas nossas casas que é bom prepararmos e purificarmos para que aí se instale a Divindade, é apenas a concretização no plano físico de um outro lugar, invisível, aquele de que Jesus falava, ao dizer: «Quando orares, entra no teu aposento, fecha a porta e ora ao teu Pai que está aí, no aposento secreto.» Este aposento secreto não é outra coisa senão um estado de consciência. Quando conseguis criar em vós o silêncio e a paz, quando tendes necessidade de exprimir ao Senhor o vosso amor por Ele, estais já nesse aposento secreto. Ele pode estar no coração, pode estar também na mente, na alma… Na realidade, é um estado de consciência superior até onde vós conseguistes elevar-vos.
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