RODA DA VIDA

Oramos pela vida e saúde dos homens de Paz no Mundo, Homens e Mulheres com missões dificílimas, de dação de esperança e de forte influencia contra a corrupção que assola o mundo e o mantém cativo na desgraça da injustiça. Louvemos estes inspirados irmãos e irmãs, desde os mais influentes, como Francisco Pai da Igreja Católica, Dalai Lama Pai dos Budistas, e tantos outros em suas respectivas importâncias, que movem o mundo com a força de suas Almas devotas, num mundo melhor para todos, mais justo, onde os indefesos não estejam à mercê de nenhum tirano, onde o único exército ou militar à face da terra seja a serviço do Amor ao Próximo - Oremos diariamente pela Mãe Terra, nosso planeta que tanto precisa de nossa atenção e nossas preces pelas causas ecologistas, sejamos a diferença que queremos ver no respeito pelo ambiente - Assim seja - Oramos por la vida y la salud de los hombres de paz en el mundo, hombres y mujeres con misiones muy difíciles, que dan esperanza y una fuerte influencia contra la corrupción que afecta al mundo y lo mantiene cautivo en la desgracia de la injusticia. Elogiemos a estos inspirados hermanos y hermanas, de los más influyentes, como Francisco Pai de la Iglesia Católica, Dalai Lama Pai de los budistas, y tantos otros en su respectiva importancia, que mueven el mundo con la fuerza de sus Almas devotas, en un mundo mejor para todos, más justo, donde los indefensos no están a merced de ningún tirano, donde el único ejército o militar en la faz de la tierra está al servicio del Amor por nuestro prójimo. Oremos diariamente por la Madre Tierra, nuestro planeta que necesita tanto nuestra atención y nuestras oraciones por causas ecológicas, seamos la diferencia que queremos ver en el respeto por el medio ambiente : que así sea

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Como chuva generosa

Quando o sol parece castigar a terra com a intensidade dos seus raios, habitualmente, amados e desejados; quando os dias se sucedem, muito quentes, parecendo que a atmosfera se torna quase insuportável; quando a terra vai se abrindo em frinchas, parecendo gemer em sentimento de dor; quando as plantas se deitam sobre o solo, por não conseguirem manter a altivez, pela desidratação sofrida; quando parece que tudo queimará, secará, findará...

Pensamos nos campos semeados e nos perguntamos se os grãos conseguirão tomar forma, crescer e amadurecer, para abastecer as nossas mesas. Olhamos para as árvores e nos indagamos se haverá floração para que se transforme em abençoados frutos. Contemplamos os tímidos filetes d’água, aqui e ali, onde antes se agitavam caudalosos rios, povoados por peixes de variadas espécies. Adiante, o leito seco deixa entrever as pedras nuas, brilhando ao sol. Aqui e ali um tronco de árvore deitado, como quem se tivesse agachado para sorver uma última gota d´água do solo seco. O abastecimento nas residências, fábricas e hospitais sofre interrupções, com danos para a indústria, a saúde, a higiene. Então, quando o céu escurece e nuvens escuras se apresentam, todos os olhos se fixam nelas.

Aguardamos. Aguardamos a chuva que, por vezes, desaba forte, tempestuosa. Seu primeiro objetivo é lavar a atmosfera para que se torne respirável, leve. E quando as águas atingem o solo, é uma sinfonia, um concerto inigualável de sons. É o barulho da terra, sorvendo o líquido em largos goles, os rios desejando alargar as margens para a receção mais ampla. As cascatas voltam a cantar, as fontes brilham. As plantas bebem por todas as dimensões de si mesmas. As aves observam dos seus ninhos, os animais de suas tocas, alguns se precipitando para fora para se deixarem banhar...

Sentimos a leveza do ar, depois da chuva torrencial, e agradecemos pelo reabastecimento que se fará gradual, na constância da sua presença. Chuva, generosa chuva. Violenta ou branda, caindo mansa, é um benefício. Quanto dependemos dela.


Assim como a chuva podemos nos tornar benefício para nossos irmãos. Com o frescor das nossas ideias cristãs, podemos aliviar a sede de consolo e esperança, em almas ressequidas, que vivem a tensão de ambientes domésticos áridos. Como a chuva que suaviza a atmosfera, podemos abrandar a atmosfera de muitas vidas. São amigos, colegas, companheiros que necessitam de um sutil aroma de ternura. Aguardam ouvidos que se disponham a ouvir suas mágoas e lhes ofertar algumas gotas de aconchego. Aliviemos o calor das dores de quem sofre há muito tempo e quase está a perder a esperança. Como chuva mansa, sirvamo-nos da nossa voz para lhes balbuciar a canção do amanhã que surgirá, renovado. Pensando no bem, derramemos consolo sobre algumas existências que gravitam ao nosso redor. Participemos delas e tenhamos a certeza de que, na medida certa, obediente às leis de Deus, estaremos promovendo vultosas ondas de amor e de alegrias.

Imitemos a natureza, convertendo-nos em vida para nosso semelhante, como chuva generosa...

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Evangelho (Lc 10,38-42)

«Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu: «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».


Esta extraordinária parábola do Mestre Jesus, recorda a todos sem excepção da relativa importância das tarefas mundanas, perante um acontecimento maior. 

É certo que existe mérito em cumprir com as tarefas do nosso dia a dia o mais responsavelmente possível, faz parte dos nossos deveres para com a sociedade, para com a família, e além disso é uma importante forma de dar um exemplo para os jovens, e com isso colaborar na construção de um mundo mais funcional e harmonioso.

A questão é, de que vale tudo isso, se mergulhados nessa dinâmica, ficarmos fascinados e perder a capacidade de priorizar os momentos e oportunidades únicas, muitas vezes fugazes, de um reencontro connosco mesmos ou com alguém que esteja disponível, ou necessitado, de uma ponte espiritual... 

A vida do dia a dia tem muitas prioridades que nos levam através da rotina a estabelecer apegos e devolvem falsas sensações de segurança, e deixamos lentamente de cuidar dos aspectos mais misteriosos de nossa alma, de nosso profundo sentir, muito mais desencontrado de rotinas, muito mais necessitado de silêncios da Alma, de disponibilidade para uma conversa secreta com o nosso Deus interior.

Não esqueçamos, é bom cumprir fielmente como seres comunitários, mas sem uma Alma, sem uma unidade, sem um propósito maior que nos dê um sentido a todo esse esforço moral e ético, de nada vale, porque o sentimento será sempre de vazio, de solidão, de falta e até de porquê?!

Cultivar atenção aos momentos em que nossa Alma pede um tempo para si mesma, é criar e promover encontros com a Divindade em nós, esse deveria ser o nosso propósito maior e não o que fica para o final... até porque afinal, pode até nem restar tempo suficiente, para esses sagrados encontros, quando deixados para depois.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Maria de Nazaré

Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

É com esta denominação que a Mãe de Jesus foi eleita para ser a protectora de Curitiba, a capital paranaense. E existem outras tantas denominações com que ela é lembrada. De acordo com o local, as circunstâncias,  recebe o adjectivo.

Nossa Senhora de Fátima, de La Salete, dos Navegantes, Imaculada Conceição, Nossa Senhora Aparecida.

Algumas das denominações têm a ver com aparições de Espíritos luminosos. Apresentando-se com características femininas e excelsa beleza, foram tomados pela própria Mãe de Jesus. Foi somente na segunda metade do século IV que Maria passou a ser objecto de culto.

Na Arménia, na Gália e na Espanha, os documentos do século VI registam um dia consagrado à Maria. Em Roma, as festas em sua homenagem aparecem só no século VII. Não se sabe ao certo se as aparições eram realmente da Mãe de Jesus. No entanto, todas as religiões cristãs reverenciam a figura ímpar de Maria de Nazaré. No Espiritismo aprendemos a reconhecer em Maria uma entidade muito evoluída. Há mais de dois mil anos já havia conquistado elevadas virtudes que a tornaram apta a desempenhar, na crosta terrestre, a elevada missão de receber nos braços o emissário de Deus. Emissário que se fez menino para se transformar no modelo de perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra.

Após o episódio da crucificação do filho, Maria permanece um curto período em Betâneia. Depois se transfere, com João Evangelista, para Éfeso. Ali estabelece um pouso e refúgio aos desamparados. Com João, passa a ensinar as verdades do Evangelho. Em poucas semanas, a casa de João se transforma num ponto de assembleias adoráveis. Maria fala das suas lembranças. Fala sobre Jesus com maternal enternecimento. Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados passam a frequentar o sítio generoso. São velhos e desenganados do mundo que vêm ouvir as palavras confortadoras. São enfermos que invocam sua proteção. Infortunados que pedem a bênção de seu carinho. Sua morada passa a ser conhecida como a Casa da Santíssima.


Assim foi até sua morte. Ao libertar-se do vaso físico, ela deseja rever a Galileia. Fora ali que seu filho apresentara as mais belas canções da Imortalidade. Em seguida, visita os cárceres de Roma, repletos de discípulos do Mestre, que aguardam a morte. Conforta-os e lhes transmite bom ânimo. Na Espiritualidade, Jesus lhe confia a assistência aos suicidas. Esses Espíritos, em profundo sofrimento no Além, são atendidos pela legião dos Servos de Maria.

Maria é, pois, a sublime acolhedora desses Espíritos que se arrojaram aos abismos da morte voluntária. Todas as petições que a ela são dirigidas, são acolhidas pelos seus emissários. Examinadas e atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria.

Maria de Nazaré prossegue amparando com imenso amor maternal a Humanidade inteira. Os espíritas a reconhecem como ser sublime que, na Terra, mereceu a missão honrosa de seguir, com solicitude maternal, Aquele que foi o redentor dos homens, nosso Mestre e Senhor Jesus.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Os pedidos da alma

Comecemos o dia na luz da oração. O amor de Deus nunca falha. Oração espontânea, sem fórmulas prontas ou ensaios elaborados. Um sincero diálogo da alma com a Potência Suprema.

Se a tristeza morar em nossa alma, será um grito, um lamento dirigido aos céus. Se a alegria brilhar em nosso íntimo, será um cântico de amor, um manifesto de adoração. Pode se resumir num um simples pensamento, uma lembrança, um olhar erguido para o céu. Quando oramos, uma janela se abre para o infinito e através dela recebemos mil impressões consoladoras e sublimes. Uma excelente maneira de iniciar o nosso dia.

A sabedoria não está em pedir que somente tenhamos horas de felicidade, que todas as dores, as deceções, os reveses sejam afastados. A nossa deve ser a rogativa por auxílio das forças superiores a fim de que cumpramos os nossos deveres, com dignidade. E possamos suportar a eventualidade de um dia difícil, de horas más. Se pedimos por nós, podemos estender os mesmos benefícios da rogativa para os familiares, os amigos. Se tivermos uns minutos mais, que os possamos dedicar à rogativa ao Pai de todos nós. Haverá muito a pedir.

O mundo está tão sofrido. Não bastasse a pandemia, as notícias nos chegam de furacões, de vendavais, de países arrasados pela fúria dos ventos e das águas. Pela nossa mente, transitam as figuras de crianças, de idosos, de corações de mães destroçados pelo desaparecimento ou morte dos seus filhos. Recordamo-nos das palavras do Mestre falando dos últimos tempos, das tantas infelicidades que alcançariam a Humanidade.

Imaginamos quantas ainda deveremos enfrentar. Por isso, oração pelo nosso e pelo fortalecimento alheio. A prece nunca é inútil. Com certeza, não alteraremos a lei divina das provas e expiações dos que amamos e daqueles que nem conhecemos. Mas podemos lhes remeter vibrações de calma para as situações atormentadoras, resignação para as profundas dores. Lembremos quantas vezes as nossas preces acalmaram alguém em sentido pranto, quantas vezes asserenamos a angústia de um amigo...


Prece é fortalecimento moral. É na oração que o Divino Mestre demonstra toda Sua glória, no monte Tabor. Ele se plenifica de luz e estabelece sublime diálogo com o legislador Moisés e o profeta Elias, luminares do povo hebreu. Diante da tumba onde estava o corpo de Lázaro, Ele ora ao Pai. E depois convoca o amigo para reassumir o comando da vida que ainda não se findara. Antes da prisão, que determinaria Seu julgamento, suplício e morte, Ele ora, no Jardim das Oliveiras. E na cruz, encerra Sua prece com as palavras: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.

Como Jesus, roguemos para que os bons Espíritos, que têm por missão assistir os homens e conduzi-los pelo bom caminho, nos sustentem nas provas desta vida. Que as possamos suportar sem queixumes. Que nos livrem da influência daqueles que queiram nos induzir ao mal. Enfim, que este dia, apenas esboçado, seja de progresso, luz e paz. Horas abençoadas nos aguardam.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

A Oração

… O aposento secreto é, pois, um lugar de silêncio e de segredo. Os outros não devem perceber aquilo que dizeis, como o dizeis e a quem vos dirigis. É claro que algumas vezes não podereis impedi-los de se darem conta de que estais a orar. Mas, quanto menos eles se aperceberem, mais valor terá a vossa oração. Numa parábola, Jesus fala daquele fariseu que tinha subido ao templo de Jerusalém e que orava com grande ostentação… Pois bem, toda a sua atitude mostrava que ele não se encontrava no aposento secreto.

Podemos dizer que este aposento secreto é o coração, o silêncio do coração. Mas, evidentemente, o coração aqui não é o que corresponde ao plano astral, o lugar dos desejos inferiores, da avidez. O aposento secreto é o coração espiritual, quer dizer, a alma. Enquanto não se consegue chegar ao verdadeiro silêncio, não se penetrou nesse aposento. Há tantos "aposentos" no homem! E, de entre todos esses aposentos, muito poucas pessoas encontraram precisamente aquele em que o silêncio é valorizado. A maioria é desviada para os outros aposentos e é lá que ora; mas como aí não há aparelhos apropriados o Céu não recebe os seus pedidos.


Portanto, não é suficiente reservar um lugar da casa para a Divindade. Se, na verdade, quiserdes ser visitados, precisais de consagrar um lugar no vosso coração, na vossa alma, dizendo: "Este lugar é para o Senhor, ou para a Mãe Divina, ou para o Cristo, ou para o Arcanjo Miguel, porque - acreditai! - se houver um lugar para eles, eles virão.

Contudo, para que uma oração seja ouvida há que respeitar certas condições. Porque é que, por exemplo, os Iniciados do passado ensinaram o gesto de juntar as mãos quando se ora? É simbólico. É porque a verdadeira oração representa a união dos dois princípios: o coração e o intelecto. Se é o vosso coração que pede, mas o vosso pensamento não participa, não se junta a ele, a vossa oração não será recebida. Para ela ser recebida, tem que vir do coração e do intelecto, do pensamento e do sentimento, isto é, dos dois princípios, masculino e feminino, unidos.

Em quantos quadros se representam pessoas a orar, até crianças com as mãos juntas! Mas nunca se compreendeu a profundidade deste gesto. Isto não quer dizer que para orar é obrigatório juntar as mãos fisicamente. Não, não é a atitude física que conta, mas a atitude interior. É preciso juntar o coração e o intelecto, a alma e o espírito, porque é da sua união que resulta a força da oração. Nesse momento, projetais uma força para o Céu, em resposta, envia-vos a luz a paz. Portanto, ao mesmo tempo, vós dais e recebeis, sois ativos e receptivos.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Para onde nos conduzem os sonhos

Imagem e semelhança de Deus, somos Espíritos imortais. Nosso verdadeiro lar é o mundo espiritual. Estabeleceu Deus que, criados simples e ignorantes, todos peregrinássemos pelas tantas casas da Sua morada. E a lei que determina que tenhamos experiências para adquirir conhecimento e sentimento de excelência, se chama lei de progresso. Por isso, nascemos e renascemos muitas vezes em diversos mundos.

Como numa gradação vamos do jardim de infância, do bê-à-bá aos bancos universitários, jornadeamos pelos tantos mundos de Deus, periodicamente e por tempos limitados. E porque sentiríamos saudades do local de onde viemos, das criaturas com quem convivemos e que nem sempre vêm para o mundo material, na mesma época, criou Deus algo maravilhoso. Definiu que teríamos dia e noite. Lemos os versos poéticos no primeiro livro bíblico: Deus pôs na luz o nome de dia e na escuridão o nome de noite. A noite passou, e veio a manhã.

Assim temos as horas de trabalho, de estudo, de agitação. Para o repouso, adormecemos. Dorme o corpo enquanto o Espírito voa livre ao encontro das suas aspirações. Tudo o que se passa nesse período do sono reparador das energias físicas, tudo o que recordamos ao reabrir os olhos na carne, se chama sonho. O que fazemos quando dormimos depende de cada um de nós. Vamos ao encontro de outros seres que como nós se libertam parcialmente. Encontros de almas viventes.

Podemos ter amores, amigos reencarnados em outros lugares, distantes. Alguns que conhecemos nesta vida, com quem mantemos laços de afeto. Ou até criaturas de outras vidas, com as quais nunca mantivemos contato durante a vigília. Isso explica por que encontramos e conversamos com pessoas, que reconhecemos durante o sono, mas, ao acordarmos, não sabemos dizer quem eram.

Podemos ir para junto de companheiros de nível superior. Podemos viajar com eles, nos instruir com eles, talvez até colaborar em alguma ação benemérita. Se estamos com problemas graves, sofrendo, podemos ouvir exortações, conselhos dos bons Espíritos, daqueles que nos amam, que se interessam por nós. Eles nos transmitem bom ânimo, coragem.

Em certas circunstâncias muito graves, poderão nos abrir o leque de vida ou de vidas anteriores, para nos explicar o porquê dos sofrimentos que ora nos alcançam. Podemos ser avisados da nossa desencarnação, de quando se dará e, inclusive, preparados para aquele momento. Aproveitarmos muito bem essas horas de repouso físico, depende de cada um de nós. O que nos leva a considerar a importância de nos prepararmos para o sono. Entregarmo-nos a um sono tranquilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração. Fazermos uma leitura amena, nobre, entregando-nos à proteção dos bons Espíritos.


Ao despertar, busquemos extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição. Busquemos percebê-la, sem fanatismo, nem impetuosidade. À noite, sonhamos. Preparemo-nos para bons e produtivos sonhos.

sábado, 20 de julho de 2024

Auxílio mútuo

Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de inverno. Um deles fixou o singular achado e exclamou, irritadiço:

Não perderei tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente. O outro, porém, mais piedoso, considerou:

Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade.

Não posso - disse o companheiro, endurecido -, sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos chegar à aldeia próxima sem perda de minutos. E avançou para diante em largas passadas.

O viajor de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colando-o paternalmente ao próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido. A chuva gelada caiu, metódica, pela noite adentro, mas ele, amparando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava. Com enorme surpresa porém, não encontrou aí o colega que havia seguido à frente. Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida, numa vala do caminho alagado.

Seguindo à pressa e a sós, com a ideia egoísta de preservar-se, não resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao congelamento.

Enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida, salvando-se de semelhante desastre. Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo… Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar dos percalços do caminho, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.

As mais eloquentes e exatas testemunhas de um homem, perante o Pai Supremo, são as suas próprias obras. Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo. O coração que amparamos constituir-se-á agora ou mais tarde em recurso a nosso favor. Ninguém duvide. Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum. Ajudando, seremos ajudados. Dando, receberemos: esta é a Lei Divina. 

sexta-feira, 19 de julho de 2024

As respostas do céu...

Se tendes a sensação de que a meditação e a oração vos trazem pouca coisa ou mesmo nada, é porque tentais elevar-vos sem antes vos terdes desembaraçado das vossas velhas vestes espessas, grosseiras, simbolicamente falando. Nessas condições, que quereis que a vossa alma possa receber?

A luz, as respostas do Céu, não podem vir até vós, não conseguem atravessar essa carapaça. Precisais de eliminá-la e apresentar-vos perante o Céu com vestes leves, transparentes, ou seja, começar por trabalhar para vos desembaraçardes das vossas cobiças, dos vossos calculismos, das vossas ideias falsas, das vossas mesquinhices. Quando o tiverdes conseguido, bastará fechardes os olhos para vos ligardes ao Céu, e sentireis as suas bênçãos afluírem a vós.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Quando a pedra se transformou...

Era o período nazista. Segunda Guerra Mundial. O campo de concentração de Auschwitz, entre tantos carrascos, conhecia um muito bem: chamava-se Herr Müeller. Senhor Müeller. Nome comum para o povo alemão. Mas, os prisioneiros daquele campo o podiam distinguir de qualquer outro. Parecia ter uma pedra no lugar do coração. Frio, implacável. Decidia sobre a vida e a morte daqueles pobres prisioneiros da arbitrariedade e loucura humanas. Entre tantos prisioneiros, um havia que o conhecera muito antes que o nazismo o transformasse em carrasco. Era o ilustre rabino de uma aldeia polonesa, Samuel Shapira. Ele conhecera Herr Müeller quando ele era um lavrador, na década de 1930, em sua aldeia. Quando descera do trem de prisioneiros, seu olhar cruzou com o de Herr Müeller e, como naqueles anos distantes, se cumprimentaram: Bom dia. E o carrasco lhe indicara para seguir para a fila da direita, para se tornar mais um prisioneiro naquele campo de concentração. Os que fossem indicados para a esquerda, iam diretamente para a morte. 
O tempo passou e, apesar das tantas condições adversas, sub-humanas, o rabino sobreviveu e pôde ouvir, com alegria, o anúncio, em quatro idiomas, de que estavam livres.

A guerra terminara. Embora o horror do que os homens haviam feito, naqueles anos, demorasse a se diluir na memória de cada um. A partir de agosto de 1945 até 1949, instalou-se um grande Tribunal Militar Internacional, que passou a julgar os criminosos. O mundo o conheceu como Julgamento de Nuremberg e foram vinte e dois os réus. Mas, vários outros julgamentos aconteceram em territórios ocupados. Num deles, em Frankfurt, o rabino foi testemunha de Herr Müeller. Testemunha de defesa. Herr Mueller era um ser que a filosofia nazista transformara em alguém impiedoso e cruel. Ele nunca fora amado. Em verdade, não era ele que mandava as pessoas para a câmara de gás. Era o regime. Herr Müeller era um homem bom. Desta forma se expressou o rabino, não por ter tido a sua vida salva, naquele momento inicial da seleção, mas por, como cristão, assim acreditar. Herr Müeller foi condenado à pena de morte por enforcamento. 
Ao ser retirado do tribunal, passando pelo rabino, o olhou. Dos seus olhos, escorreu uma lágrima e ele sussurrou: Muito obrigado!

Ao influxo do amor do rabino, o coração de pedra se transformara. Voltara a ser homem. Sentir, emocionar-se, ante o afeto de alguém a quem ele, em essência, nada fizera. O amor tem força extraordinária. Não há ninguém imune à sua ação. Quando ele se manifesta, salva vidas, alimenta outras e tem o poder de transformar pessoas tidas como más em renovadas criaturas. Foi por isso que Jesus nos recomendou: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. E ainda: Amai os vossos inimigos.
Pensemos nisso.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Duas cerejeiras

Cena curiosa à beira do caminho. Duas árvores, duas cerejeiras plantadas no canteiro, próximo à calçada. Uma delas exuberante, repleta de vermelho, cheia de vida e chamando a atenção de quem passa. A outra, no entanto, a menos de cinco passos de distância, de aparência absolutamente oposta, totalmente seca, mirrada, como se estivesse morta. Causa estranhamento à vista de uns, causa pena a outros, olhar aquelas obras de Deus, assim, em desigualdade tão grande.

Estão no mesmo solo, recebem a mesma rega, o mesmo sol, mas tão distintas uma da outra. Um enigma. O tempo, contudo, tudo esclarece. As semanas passam, e o mistério é esclarecido. Quem olha com atenção, percebe que algo mudou significativamente: a bela cerejeira que antes estava florida, agora está desnuda, sem cores. E aquela que antes inspirava piedade, agora está deslumbrante e colorida. Cada uma teve seu tempo, cada uma realizou seu ciclo anual, em momento distinto, e ambas trouxeram beleza ao mundo da mesma forma.


O exemplo das cerejeiras é lição para a alma. Cada um de nós floresce em seu tempo, quando alcança as condições necessárias. Filhos que cresceram no mesmo lar, recebendo as mesmas condições de desenvolvimento, a rega do amor, a disciplina da poda, o sol da atenção, podem despertar em flor em momentos distintos.

Companheiros de coração endurecido, que se mostram insensíveis às dores alheias e que, muitas vezes, tornam a existência dos que os cercam um verdadeiro caos, também irão florir em seu tempo. Alguns, inclusive, podem até se manter como árvores secas durante uma ou algumas encarnações. Sua floração virá bem mais tarde. As semanas das árvores do caminho são séculos, milênios, por vezes, para as almas imortais. Por isso, saibamos cuidar e julgar com maturidade.

Em algumas ocasiões, agimos como o motorista apressado que, ao observar as duas árvores tão diferentes, logo conclui: Uma deu certo, a outra não! Ou ainda: Uma está viva, a outra morreu. A natureza é muito mais sábia do que imaginamos. Ela nos ensina a esperar e a saber olhar. Importante cuidarmos com os rótulos apressados. Pau que nasce torto pode sim, se endireitar. Aliás, nasceu justamente para isso. E ainda, não nasceu torto por um capricho da natureza, mas porque se tornou torto no passado. Rótulos são perigosos. Atrapalham e nada ajudam.

Todos têm jeito. Todos podem florir e vão florir. Talvez apenas não no tempo que nós esperamos ou que o mundo exige. Lembrando das árvores do caminho, aprendamos com a sabedoria do tempo. Olhemos mais vezes, olhemos o filme e não apenas a fotografia. Que a natureza continue nos ensinando e nos oferecendo essa visão ampla das coisas. Percebamos que na natureza nada é apressado, nada é instantâneo. Tudo se constrói, tudo se conquista. As leis divinas, que regem os mundos, são sábias. Aprendamos com elas. E, da próxima vez que observarmos uma árvore sem flores ou mesmo uma alma seca pelo caminho, recordemos das duas cerejeiras.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Apressada avaliação

Conta-se que um açougueiro atendia suas atividades habituais, quando entrou no estabelecimento um cachorro. Ele se preparou para enxotá-lo, quando percebeu que o animal trazia um saco à boca.

Verificou que, dentro do saco, havia um bilhete. Atendeu o que estava ali escrito, devolvendo ao cão o saco, com carne bem acondicionada e troco dos valores que encontrara.

O animal, com o saco à boca, saiu tranquilamente do talho e foi andando pelo passeio. O açougueiro ficou intrigado: De quem seria aquele cão tão bem treinado?

Resolveu segui-lo. O cão chegou na esquina, levantou-se nas patas traseiras e apertou o botão do semáforo para travessia de pedestres, parando o trânsito de veículos. Então, atravessou a rua na passadeira. Mais adiante, outro semáforo estava vermelho e o cão parou. Quando o sinal ficou verde, o cão atravessou a rua Chegou a uma paragem de autocarros e esperou. Quando o primeiro autocarro parou, o cão olhou para o letreiro e não entrou. Quando outro autocarro parou, um pouco depois, o animal voltou a olhar o letreiro.

Dessa vez, entrou e ficou perto da porta, acompanhando o trajeto com atenção. O homem do talho estava perplexo. Nunca vira nada igual. Depois de vários quarteirões, o cão desceu do autocarro e andou um pequeno bocado.

Frente a uma casa, abriu o pequeno portão e entrou. Parou frente à porta e começou a bater com a cabeça na madeira. Depois, foi à janela e tornou a bater a cabeça contra o vidro, várias vezes. Finalmente, a porta se abriu. 

Um homem grande e zangado veio para fora e começou a agredir o cão, chamando-o de estúpido, inútil, traste. O açougueiro não aguentou. Deteve a agressão e falou ao dono do cão:

Que é isto? Você tem um animal extraordinário, treinado, inteligente e o agride desta maneira?

Inteligente? – gritou o dono. Ele é um tonto. Já falei um milhão de vezes e este inútil vive esquecendo de levar a chave da porta.

Naturalmente, o conto é fictício. Pode levar ao riso. Ou podemos parar um momento e refletir. Quantas vezes agimos como o dono desse cão? 

As pessoas nos servem, nos agradam e nós... só reclamamos.

Reclamamos da mãe que não nos preparou a sobremesa que pedimos. E esquecemos de agradecer a roupa limpa, impecável, no armário; os pratos preparados com esmero; as frutas, o sumo, o cereal no café da manhã.

Reclamamos dos pais que não entendem nossos sonhos, nossa conversa, nosso grupo de amigos. E não lembramos dos braços que nos carregaram, depois das brincadeiras, na praia; das horas exaustivas de trabalho deles para nos garantir a escola, o lazer, as viagens.

Reclamamos do funcionário que não atendeu uma ordem, em todos os detalhes. Não lembramos das mil coisas que ele faz todos os dias, sem errar, diligente, atento, vendendo sempre muito bem o bom nome da nossa empresa.

Reclamamos sempre, numa atitude tola de quem não tem capacidade de avaliar o real valor dos que nos cercam.

Pensemos nisso e tomemos consciência primeiro, que por vezes, nos tornamos pessoas um tanto desagradáveis, com esse tipo de atitudes. Segundo, perguntemo-nos se nós mesmos faríamos melhor. É possível que a nossa incapacidade, preguiça ou acomodação nos digam que estamos reclamando, de verdade, por nos darmos conta de como somos dependentes dessas criaturas...

Pensemos nisso e foquemos de forma diferente a nossa apressada e tola avaliação.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Salmo 138 (Hebreus 139)

 “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis,

Sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto,

De longe penetrais meus pensamentos,

Quando ando e quando repouso, vós me vedes,

Observais todos os meus passos.

A palavra ainda me não chegou à língua,

E já, Senhor, a conheceis toda.

Vós me cercais por trás e pela frente,

E estendeis sobre mim a vossa mão.

Ciência tão maravilhosa me ultrapassa,

Ela é tão sublime, que não posso atingi-la

Para onde irei, longe de vosso Espírito?

Para onde fugir, apartado do vosso olhar?

Se subir até aos céus, ali estais;

Se descer à região dos mortos, lá vos encontrais também.

Se tomar as asas da aurora,

Se me fixar nos confins do mar,

E ainda vossa mão que lá me levaria,

E vossa destra que me sustentaria,

Se eu dissesse: “Pelo menos as trevas me ocultarão,

E a noite, como se fora luz, me há de envolver.

As próprias trevas não são escuras para vós,

A noite vos é transparente como o dia,

E a escuridão, clara como a luz.

Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo,

Vós me tecestes no seio de minha mãe.

Sede bendito por me haver feito de modo tão maravilhoso.

Pelas vossas obras tão extraordinárias,

Conheceis até ao fundo a minha alma.

Nada de minha substância vos é oculto,

Quando fui formado ocultamente,

Quando fui tecido nas entranhas subterrâneas.

Cada uma de minhas ações vossos olhos viram,

E todas elas foram escritas em vosso livro;

Cada dia de minha vida foi pré-fixado,

Desde antes, antes que um só deles existisse.

Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios,

Quão imenso é o número deles!

Como os contar? São mais numerosos que a areia do mar;

Se pudesse chegar ao fim, seria ainda com vossa ajuda.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Evangelho (Jo 20,24-29)

Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe: «Nós vimos o Senhor!». Mas Tomé disse: «Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei».

Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!». Tomé respondeu: «Meu Senhor e meu Deus!». Jesus lhe disse: «Creste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!»

Que ensinamento é este que Yeshua nos oferta com esta parábola? adverte-nos que no decurso de nossas atividades devemos sempre confiar e ter esperança, nos resultados de nossos esforços. Quantas vezes desacreditamos somente por conta de nossa ansiedade, ou por conta de nossa razão? Quantas vezes, mesmo após em consciência tomarmos determinada direção, nas primeiras dificuldades desistimos, sem dar tempo para que os resultados de nossas investidas produzam os desejados frutos.

Que seria se os marinheiros de um barco, com rumo a uma costa longínqua, desistissem de sua viagem no momento em que deixassem de conseguir ver a costa de onde partiram? - jamais se aventurariam a atravessar o Oceano e a vislumbrar a chegada de uma outra "terra à vista!"

Os desafios da existência humana, com todas a vicissitudes que lhe são inerentes, com todos os apegos à materialidade que a procuram subjugar, não deverão nunca ter livre rumo, para dominar o gênio do espirito humano. Sim, os humanos estão a viver uma experiencia que lhes recorda constantemente a suas próprias limitações e fragilidades, mas todo esse manto de prantos deverá servir o propósito maior, de os preparar para a defesa incondicional de suas verdades espirituais, seja qual for o desafio a superar. 

Nunca devemos acreditar que estamos sós, só porque momentaneamente estamos privados de vista… neste preciso momento, à nossa volta agitam-se mil mãos amigas que nos procuram conduzir discreta e docemente, à nossa suprema realização, à nossa de missão de vida, assim seja a Suprema vontade Divina e a nossa firme convicção, de o testemunhar em pleno ato de fé. 

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Ontem, eu não morri

Conhecemos alguém que quase desistiu da vida, na idade adulta, mas manteve-se firme. Hoje, ela olha um passado que poderia não ter existido e valoriza cada segundo, cada momento precioso que a existência terrena lhe concedeu. Filha, mãe, esposa e avó, transformou aflição em poema:


Perdão, Pai, pelas loucas ideias.

Perdão, por querer desvendar o futuro.

Perdão, por não ter fé.

Perdão, por desvalorizar minha vida,

Esta vida que me emprestaste.


Se ontem tivesse morrido,

Não teria vivido sorrisos, chorado lágrimas, compadecido dores.

Se eu tivesse morrido,

Não teria visto tanta coisa,

A formatura do meu meninão vencendo a faculdade.

Não teria visto a filha, no seu primeiro vestido de baile, seus quinze anos, seu primeiro amor, os primeiros sonhos de mulher...

Como direi agora, Senhor?


Obrigada, pelas lágrimas que derramei,

Pelos sonhos que vivi,

Pela luz que recebi,

Pelos amigos que conquistei.

Obrigada, Senhor.


Pela presença dos meus filhos,

Pelas mãos que os encaminhei,

Pelas palavras que pronunciei,

Pelos passos que evitei,

Pela vida que desfrutei.

Rogo, Senhor,


Que derrames sobre nós a luz da sabedoria,

Para que possamos aceitar com alegria,

A vida que nos designaste.

Rogo, ainda, Senhor,


Que olhes pelos entes que se foram e pelos que ficaram.

Àqueles por não mais sofrerem nesta vida,

E os outros, pela saudade cruciante, nessa perda delirante,

Que mesmo com fé, não deixaram de chorar.

Senhor,


Que haja paz e amor em todos os lares,

Que eles se desdobrem, com outros risos e outros sonhos.

Que Teu manto os envolva numa doce harmonia,

Em hinos de felicidade!


Estas são palavras dos que vencem o mundo, dos que entendem o caráter educativo de toda experiência, na existência terrestre.

Ainda bem que eu não desisti. Ainda bem que suportei, que compreendi, mesmo a contragosto, as vicissitudes e provas que a vida me apresentou.

Ainda bem que não me contaminei. Ainda bem que não traí meus princípios.

Ainda bem que só saí daqui com esses arranhões, que doem, sim, mas que logo serão passado e depois nem lembrança mais precisarão ser.

Somos livros enormes, de múltiplos capítulos e volumes. E desistir é como querer fechar a obra, parar de ler, devido a uma frase, a um parágrafo que nos fez sofrer, que nos desagradou, que não foi escrito do jeito que esperávamos.

Muitas vezes, não temos nem o cuidado de reler aquele trecho para tentar entender de forma diversa. Julgamos à primeira vista e saímos revoltados pelo mundo.

Em muitos casos, bastava ter paciência, esperar o começo da página seguinte e entenderíamos algumas razões... Mas não, apressadamente atiramos tudo para o alto.

Ora, uma obra é muito mais do que isso.

Nesses momentos de tensão, que voltemos à grandeza da capa de nosso livro e observemos Quem assina connosco e nos sintamos mais seguros.

Nosso nome está escrito dentro de Outro Nome, muito maior e iluminado por bondade infinita, perfeito e repleto de beleza.