Não soa estranho que aqueles que afirmamos crer na imortalidade da alma, que divulgamos, aos quatro ventos, que a vida prossegue para além desta vida, sejamos aqueles que, cientes da morte de alguém, expressemos nosso pesar?
Talvez devamos tornar a ler as páginas que nos foram endereçadas e que nos indagam: Acaso deveremos lastimar que, estando prisioneiros, um de nós se liberte antes, por ter cumprido toda sua sentença?
Naturalmente, sempre que a morte abraça alguém a quem estimamos e, sobretudo, se amarmos intensamente, nosso coração padece. Dizem que, na Terra, a dor mais pungente é a da separação física dos nossos amores. Isso porque aquele ser amado, deixando de estar connosco, nos impede de privar da sua presença, do seu calor. Sentimos falta do riso, do sorriso, do carinho. Sim, a partida dos afetos, dos amigos, dos que ombreiam connosco nas tarefas de ordem profissional ou voluntária, nos magoa.
Sua ausência é sentida a cada passo. Sua presença é recordada, a cada momento, em que retornamos a realizar algo que fazíamos juntos. Em alguns dias, a saudade parece amenizar. Em outros, parece ficar mais aguda e mais intensa. No entanto, pensemos que aquele que parte concluiu a sua tarefa e os que ficamos, a precisamos concluir. Recordemos que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo. Portanto, deveríamos nos felicitar com aquele que se libertou, sobretudo se, examinando seus atos, nos damos conta das tantas bênçãos distribuídas por ele. É comum, ante o corpo daquele que fechou os olhos da carne, recordarmos do quanto era importante para nós, para a comunidade, para os colegas. Pois continuemos a lembrá-lo assim, louvando por poder comparecer perante a consciência liberta, com muitos frutos nas mãos. Com muitas boas ações, que o referendam a ser bem acolhido pelos Espíritos do bem, a ser bem rececionado por tantos amores que, desta vida ou de experiências anteriores, o aguardam, jubilosos. Aqui, é uma despedida. Do outro lado, o retorno de alguém que realizou uma curta ou longa jornada.
Lembramos dos primitivos cristãos que entravam na arena, para enfrentar as feras, que os haveriam de trucidar, entre hinos de louvor. Cantavam, unindo-se ao Pai Celeste, que os envolvia em vibrações superiores, de forma a lhes insuflar ainda maior coragem para o martírio. Assim, ante a morte que se apresenta e, quase sempre, no momento em que menos se espera, aprendamos a orar. E, interpretando a dor que vai na alma dos familiares, manifestemo-nos a eles de forma diferente. Sejam as nossas palavras de bom ânimo, de encorajamento, de apoio. Se precisarmos anunciar, a quem quer que seja, a morte de um colega, de um amigo, de um amor, escrevamos algo que expresse nossos melhores sentimentos. Compreendemos a sua dor, nesse momento. Oramos pelo seu fortalecimento moral. Vibramos, em prece, pelo companheiro que partiu. Que os bons Espíritos o envolvam em luz. Conte connosco. Estamos aqui.
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