Quando os hebreus se encontravam ao sopé do monte Sinai, em sua peregrinação pelo deserto, narra o livro bíblico do Êxodo que ouviram trovões e relâmpagos e um som de trompeta muito forte. Moisés falava e Deus lhe respondia em voz alta, diz o texto. A narrativa nos remete a um fenômeno mediúnico denominado voz direta.
Tratava-se de uma manifestação ostensiva porque diz que todo o povo ouvia. Era, com certeza, o Espírito protetor da nação hebraica que ali se manifestava, em nome do Todo Poderoso. Mas, quem de nós não apreciaria ouvir a Voz de Deus?
Num um poema de luz, lemos que quem ouve a voz dos imortais não esquece nunca mais. Como seria ouvir a Voz do Supremo Poder do Universo?
Em verdade, todos os dias Ela nos fala aos sentidos. Os povos primitivos acreditavam que os deuses gritavam, enfurecidos, nas tempestades, nas tormentas e nos ventos uivantes. Tinham uma certa razão porque Deus nos segreda doces melodias aos ouvidos quando sussurra o vento, docemente, debulhando as folhas das árvores. Elas caem, arrastam-se pelo chão, continuando a traduzir a Voz de Deus. Quando o vento nos alcança os cabelos e os desarranja, é porque Deus deseja que nossos ouvidos estejam abertos à Sua Voz. Deus canta na voz das águas das cascatas que se lançam de alturas imensas e caem, estrondosas, no rio abaixo, que segue, caudaloso, murmurando e murmurando. Deus fala nas cataratas exuberantes, ouvidas desde longe, enquanto respinga água em nossos rostos ao nos aproximarmos. Está dizendo: Você me ouve? Você me percebe? Lavo seu rosto para que possa me sentir.
A Voz de Deus. Quantos A teremos ouvido, na intimidade da alma, quando em prece. Quantos A ouvimos no riso da criança, que corre feliz, dizendo da alegria de ter nascido num mundo de tanta cor e beleza. Quantos teremos ouvido a Voz de Deus nos lamentos de dor de um mundo enlutado, atingido pela pandemia. Quantos entendemos que Deus nos pede que estendamos nosso socorro a quem sofre a dor do abandono, da ausência de amores. A quem padece a fome, o desabrigo, o desemprego, a ausência de condições de sobrevivência.
Voz de Deus. Sempre presente. Não lhe sufoquemos os brados de alerta, de compaixão que nos dirige. Somos todos filhos da mesma família, dependentes uns dos outros. Herdeiros do Universo, repartamos o pão, ofertemos a palavra amiga, socorramos nosso irmão, próximo ou distante. A Voz de Deus nos indaga: Como está seu irmão? Não cerremos os ouvidos, nem nos desculpemos. Atendamos a Voz de Deus.
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